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Oráculo

Responsável - Lúcio Packter, filósofo formado pela PUC-Fafimc, de Porto Alegre.


Gabriel Chalita mencionou em uma palestra aspectos sobre a morte de familiares. Sobre o que ele falava?

 
O Oráculo pesquisou e encontrou várias respostas. Leia o trecho do livro no qual Chalita troca cartas com Fábio de Melo:

"Vi meu irmão morrendo. Estava ao seu lado. Ele dirigia e contava histórias de um amanhã que não chegou. Cantamos sozinhos naquela noite prolongada. Nós dois. Eu tinha apenas 15 anos e, por um milagre, prossegui. Vi seu soluço inconsciente, seu suspiro final. Tentei abraçá-lo, enquanto vozes se aproximavam. Meus braços não se moviam. A dor física era pequena perto da possibilidade da separação. Olhei-o com ternura. Separamo-nos. Meu irmão partia sem ter o direito de se despedir. Sem dizer o que gostaria que fizéssemos por ele. Apenas partiu. Minha mãe vestiu-se de preto por algum tempo. As sombras tomavam seu semblante, e gritos de dor eram entremeados por dias de silêncio. Meu pai era só silêncio. Em suas orações, lágrimas solitárias pediam a Deus que acolhesse o fruto do seu amor. A morte nunca tinha estado tão perto de mim. Acho que não pensava muito nela. Nos dias em que fiquei engessado, tentando recompor partes quebradas do meu corpo, quebrei-me em perguntas sem respostas. Por que o caminhoneiro dormira? Por que ele partira e eu ficara? Por que apenas o meu banco quebrara, jogando-me um pouco para trás, e o dele não, se ele era maior do que eu?

Antes do acidente com o Sávio, convivi com a morte quando meu avô Gabriel partiu. Pouco tempo antes. Sofri também, mas compreendi que o seu sofrimento físico tinha chegado ao fim. Assustei-me quando o vi num caixão. Lembrei-me dos dias em que eu ficava, criança, dando aulas com um quadronegro para ele e minha avó. Chorei a certeza de não mais ouvir suas anedotas singelas e suas histórias de uma Síria do passado. Fazia poesia com simplicidade meu avô Gabriel.

Mas a morte do Sávio... Eu sou o filho caçula. Dormíamos no mesmo quarto, e ele fazia-se de forte investigando todos os lugares possíveis de haver algum perigo que pudesse nos atingir. Sorria quando, depois de certo suspense, comunicava que nem debaixo da cama nem atrás das cortinas havia monstros ou figuras semelhantes. Podíamos dormir em paz. Era carinhoso. Irreverente. E gostava de viver.

Meu irmão Júnior também partiu. Sua alegria pura, sua ingenuidade de uma infância sem fim, presentes da síndrome de Down, fazem falta. Meu pai dizia da surpresa difícil quando soube que meu irmão era diferente das outras crianças. Minha mãe também estranhou a sua chegada. Mas isso foi por pouco tempo. Júnior tornou-se o centro das atenções. Cantarolava sozinho e sorria sem economias. Beijava, abraçava e vez ou outra chorava. Tentávamos entender onde era a dor. Não era fácil, sua melhor comunicação vinha da sua alegria apenas. Na cadeira de balanço meu pai brincava com ele. Minha mãe dava-lhe na boca o alimento que nutria seu corpo e sua alma. Sua partida deixou um vazio imenso. Trinta e poucos anos e nada mais. Brincou de dia. Brincou no hospital e se foi... brincando."



Houve de fato influência de Weininger sobre Wittgenstein.

 
A equipe do Oráculo, a partir das pesquisas disponíveis, responde afirmativamente. Leia a resposta a partir do trabalho de Paulo Roberto Margutti Pinto.


"Ray Monk, em sua interessante biografia de Wittgenstein, levanta a seguinte hipótese. De todos os livros que leu na adolescência, “Sexo e Caráter” foi o que teve o maior e mais duradouro impacto na sua concepção de vida. Monk considera particularmente importante a distorção que Weininger faz do imperativo categórico kantiano, impondo ao homem o dever inviolável de ser honesto e descobrir em si mesmo a genialidade. Tornar-se gênio, de acordo com esta visão, é mais do que uma nobre aspiração: é um imperativo moral. Wittgenstein teve idéias recorrentes de suicidar-se entre 1903 e 1912 e só parece ter desistido delas quando Russell reconheceu sua genialidade. Segundo Monk, este fato sugere que Wittgenstein aceitou o imperativo weiningeriano em toda a sua terrificante severidade.

...correção da hipótese de Monk sobre a influência de Weininger sobre Wittgenstein. Parece-me claro que, se contextualizarmos o “Tractatus”, se encararmos a atitude do jovem Wittgenstein sob a perspectiva da ética weiningeriana e se buscarmos pistas em escritos posteriores, a hipótese de Monk se revela fundamentalmente correta. A segunda questão refere-se à possibilidade da moral tractatiana incluir algo que corresponda às teses politicamente incorretas de Weininger. Se a interpretação apresentada aqui está correta, então podemos dizer que há elementos que justificam a afirmação de que a ética tractatiana envolve, de algum modo, a perspectiva weiningeriana relativa à mulher e ao judeu enquanto tipos ideais. Em que pese a tentativa de Monk de amenizar a presença, no “Tractatus”, das idéias weiningerianas sobre a mulher, parece evidente que a ética tractatiana envolve uma visão mais ou menos deformada da natureza humana, de acordo com a qual a mulher é um ser inferior. A terceira questão tem a ver com a maneira como os intérpretes do “Tractatus” têm lidado com esta situação. Em outras palavras, uma vez que o alcance da influência de Weininger sobre Wittgenstein tem sido ignorado pela maioria esmagadora dos comentadores, a pergunta que se coloca naturalmente neste ponto é a seguinte: que procedimento hermenêutico tem sido por eles utilizado, no sentido de permitir que estas idéias politicamente inconvenientes continuem ignoradas? A resposta, parece-me, é uma só: conscientemente ou não, o certo é que eles ignoraram a articulação das partes da filosofia tractatiana e deixaram de relacioná-la com as obras e os fatos da vida de Wittgenstein que a inspiraram. Nesta perspectiva, os britânicos enfatizam exageradamente a parte lógica e desprezam a parte ética do “Tractatus”, declaradamente a mais importante. Os amigos austríacos, como Engelmann, enfatizam mas a parte ética, em detrimento da parte lógica. Aqui, embora a parte ética seja considerada a mais importante, as teses politicamente incorretas de Weininger não são mencionadas. É certo que Monk sugere uma outra via, mais realista, que procura levar em conta alguns dos aspectos discutidos no presente trabalho. Ele enfatiza a articulação entre a parte lógica e a parte ética do “Tractatus”, admitindo ao mesmo tempo a influência de Weininger. O problema está em que ele admite a presença da perspectiva weiningeriana sobre o judeu, mas coloca em dúvida a presença da visão weiningeriana da mulher, sob a alegação de que os dados são insuficientes. Ora, tendo em vista que a concepção do judeu só faz sentido a partir da concepção da mulher, fica claro que esta parte da hipótese de Monk é equivocada. Parece que uma leitura efetivamente adequada do
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“Tractatus” exige a articulação harmônica da lógica com a ética e esta articulação assume sua maior força e radicalismo morais, próprios do caráter do jovem Wittgenstein, se incluir as teses politicamente incorretas sobre a mulher e os judeus."


A Filosofia pode nos conduzir à felicidade?

 
Leia a resposta do filósofo André Comte-Sponville a seguir.

Filosofar é pensar sua vida e viver seu pensamento. Em que medida isso pode nos aproximar da felicidade? Ficando mais perto da verdade, nós nos libertamos de várias ilusões e esperanças tolas. Isso nos ajuda a amar a vida mais do que amar a felicidade, a verdade mais do que a fantasia, o amor mais do que a fé ou a esperança. Os maiores mestres são, a meu ver, Epicuro (de Samos, filósofo grego dos séculos IV e III a.C.), (Michel) Montaigne (filósofo francês do século XVI) e (Baruch) Spinoza (filósofo holandês do século XVII). Quanto a mim, já me expliquei longamente em meu Tratado do Desespero e da Beatitude e, de maneira mais resumida, em Felicidade, Desesperadamente.
...
Tudo depende do que se entende por felicidade. Se você busca uma alegria contínua e soberana, ou mesmo a ausência total de sofrimento e angústia, certamente nunca será feliz. "Toda vida é sofrimento", dizia Buda. E tinha razão. A felicidade, se a entendemos como uma alegria completa, é apenas um sonho, que nos separa do contentamento verdadeiro. Em busca da felicidade absoluta, nós nos proibimos de viver as felicidades relativas e nos tornamos infelizes. Se, ao contrário, você entender como felicidade o fato de não ser infeliz ou simplesmente de poder desfrutar algumas alegrias, a felicidade não é impossível. E você será feliz somente por não ser triste. À exceção, claro, nos momentos mais difíceis da vida.


Brasil e EUA iniciaram de modo parecido como países?

 
Segundo Ricardo Lessa, não. Leia o encarte a seguir da obra "Brasil e Estados Unidos - o que fez a diferença".




O princípio da história dos países que viriam a ser Brasil e Estados Unidos já mostra que os dois teriam de seguir obrigatoriamente caminhos diferentes. Em 1500, Cabral passou por aqui, largou dois degredados, rezou uma missa e foi-se embora para a Índia - que era o que lhe interessava. Lá bombardeou e tomou o porto de Calicute, assaltou a cidade e voltou para Portugal com as caravelas cheias de especiarias, jóias, roupas e outros produtos do saque.

Já o povo que estava no Mayflower em 1620 e fundou os Estados Unidos - os 101 peregrinos que desembarcaram no que chamaram Nova Inglaterra - não tinha a menor intenção de voltar para a Europa nem estava interessado em saques e botins. Eles eram crentes das religiões surgidas do cisma com a Igreja católica. Brigaram com a Igreja anglicana (chefiada pelo rei da Inglaterra), que consideravam muito parecida com a católica, e queriam um lugar para viver, prosperar e rezar da forma que melhor lhes aprouvesse.

Como bem definiu o historiador americano Arthur Schlesinger Jr.: "O novo país era em grande parte povoado por gente arrancada à sua própria história, em fuga para escapar-lhe ou em revolta contra ela."

Embora o ano de 1500 seja comemorado como a data de início da nação brasileira, de fato quase nada do que seria o Brasil começou naquela data, a não ser a miscigenação racial, que se tornou regra na história brasileira. Os dois degredados (Afonso Ribeiro e um segundo, nunca nomeado) mais dois grumetes foragidos, possivelmente, geraram com as índias os primeiros brasileiros - mistura de brancos e índios.

Os degredados e os grumetes portugueses se perderam no ambiente totalmente novo e desconhecido. Um dos degredados, o anônimo, foi esquecido sem deixar traços na história; o outro depois foi recolhido e levado de volta a Portugal. Não se sabe o que aconteceu com os grumetes. Mas sabe-se que os portugueses que chegaram depois no Brasil encontraram mestiços, que eles chamavam de mamelucos, filhos das índias com os portugueses ou espanhóis - viajantes que aqui naufragaram.

Já os peregrinos ingleses, desde o início, tinham a intenção de fazer um novo país. Assim proclamava o núcleo homogêneo de famílias inglesas e puritanas que formou a colônia em Cape Cod, no atual estado de Massachusetts. Depois do primeiro núcleo chegaram outros semelhantes, com idêntica disposição de criar um país para si, onde pudessem viver longe da exploração da nobreza inglesa (também da pobreza e da falta de oportunidades que viviam) e rezar de acordo com as normas mais rígidas que pregavam, sem a suntuosidade dos católicos e anglicanos. E os núcleos se multiplicaram como células por toda a chamada Nova Inglaterra, a porção Nordeste do que seriam os Estados Unidos da América do Norte e que venceria os estados do Sul, na Guerra de Secessão de 1861-65. As colônias fundadoras do Sul: Virgínia, Carolinas do Norte e do Sul e Geórgia, ligadas à Coroa inglesa e intensamente escravistas, tomaram caminho oposto.

Os peregrinos que desembarcaram na América achavam que o Mundo Novo era a terra ideal para que o povo de Deus pudesse criar uma sociedade sem vícios e sem corrupção, como a que eles tinham deixado para trás. A crença de muitos migrantes ingleses consistia em que eles pertenciam a uma nova raça eleita e a América era a virgem Maria que daria à luz uma nova nação para louvar a Deus e iluminar o restante do mundo, como diziam autores do início do século XVII. Para eles, naquela época, Deus era inglês.

O mundo passava por momentos muito diferentes nas festejadas datas das fundações de Brasil e Estados Unidos. Em 1500, Portugal era o senhor do mercantilismo nos mares. A prática mercantil, conseqüentemente, se impregnaria nos primórdios da formação brasileira. O que importava era conseguir mercadorias valiosas que pudessem ser trocadas com vantagem nos portos europeus, sob controle monopolista do Estado.

Isso marcou profundamente nosso país, como diz Caio Prado Júnior em História econômica do Brasil:

"A colonização dos trópicos toma o aspecto de uma vasta empresa comercial, mais complexa que a antiga feitoria, mas sempre com o mesmo caráter que ela, destinada a explorar os recursos naturais de um território virgem em proveito do comércio europeu. É este o verdadeiro sentido da colonização tropical de que o Brasil é uma das resultantes; e ele explicará os elementos fundamentais, tanto no social como no econômico, da formação e evolução histórica dos trópicos americanos (...)


Podemos dizer que existe hoje um acordo entre os especialistas sobre a origem do homem?

 
A seguir, a resposta de David Burnie para esta questão.


A evolução humana é uma das áreas mais discutidas da biologia. Houve época em que os paleoantropólogos a viam como um processo quase linear, com um número relativamente pequeno de ramos na árvore familiar humana. Mas nos últimos anos novas descobertas de fósseis revelaram que pelo menos meia dúzia de espécies de hominídeos podem ter vivido em algum momento. O interessante é que, de toda a família de hominídeos, restamos apenas nós.
Os hominídeos surgiram quando nossos ancestrais finalmente se separaram dos macacos, divisão evolutiva datada atualmente entre 6 e 8 milhões de anos atrás. Um grande número de fósseis deixa claro que os hominídeos surgiram na África e depois se espalharam para outras partes do mundo. Os primeiros membros da família - pertencentes ao gênero Ardipithecus - tinham muitas características semelhantes às dos macacos, mas os australopitecinos, que os seguiram, tinham a postura ereta, assim como o cérebro ligeiramente maior. O Homo habilis, que surgiu cerca de 2,4 milhões de anos atrás, marcou o início da linhagem que levaria diretamente a nós. Foi o primeiro capaz de fazer ferramentas de que se tem notícia, e provavelmente o último de nossos ancestrais a viver exclusivamente na África.


Qual a proposta de Dalai Lama para o Tibete?

 
Uma das respostas está no discurso por ocasião do recebimento do Nobel da paz. Leia a seguir.

"Na conferência de Estrasburgo, propus que o Tibete se transformasse numa entidade política, democrática e com governo próprio. Gostaria de aproveitar esta oportunidade para explicar o que é a zona de ahimsa ou o conceito de um santuário de paz, que é o elemento central do Plano dos Cinco Objetivos para a Paz. Estou convencido de que é de grande importância não apenas para o Tibete, mas para a paz e a estabilidade na Ásia. Tenho um sonho de que todo o platô tibetano se torne um refúgio livre onde a humanidade e a natureza possam viver em paz e num equilíbrio harmonioso. Seria um local aonde as pessoas de todas as partes do mundo poderiam ir para buscar o verdadeiro significado da paz dentro de si mesmas, longe das tensões e das pressões do restante do mundo. O Tibete poderia tornar-se verdadeiramente um centro criativo para a promoção e o desenvolvimento da paz. Seguem-se os elementos-chave da zona de ahimsa como foi proposta: todo o platô tibetano seria desmilitarizado; a fabricação, os testes e o armazenamento de armas nucleares e outros armamentos no platô tibetano seriam proibidos; o platô tibetano seria transformado no maior parque natural ou de biosfera do mundo. Leis severas seriam redigidas para proteger a vida selvagem e a vida vegetal; a exploração de recursos naturais seria cuidadosamente regulamentada para não haver danos relevantes aos ecossistemas, e seria adotada uma política de desenvolvimento sustentável nas áreas habitadas.
Seriam proibidas a fabricação e a utilização de armas nucleares e de outras tecnologias que produzam resíduos perigosos; os recursos nacionais e a política seriam dirigidos para a promoção dinâmica da paz e da proteção ambiental. As organizações dedicadas a promover a paz de todas as formas de vida seriam bem acolhidas no Tibete; seria encorajado o estabelecimento no Tibete de organizações internacionais e regionais para a promoção e proteção dos direitos humanos. A altitude e a extensão do Tibete (do tamanho da Comunidade Européia) e também a sua história única e a profunda herança espiritual o tornam um local ideal para desempenhar o papel de santuário da paz no coração estratégico da Ásia. Isso também se ajustaria à posição histórica do Tibete como uma nação budista pacífica e como uma região intermediária que separa grandes poderes do continente asiático, muitas vezes rivais. Para reduzir as tensões existentes na Ásia, o presidente da União Soviética, Sr. Gorbatchev, propôs a desmilitarização das fronteiras soviético-chinesas e a sua transformação numa "fronteira de paz e de boa vizinhança". O governo do Nepal tinha proposto anteriormente que a parte correspondente ao Himalaia do Nepal, fronteiriça do Tibete, se tornasse uma zona de paz, embora esta proposta não incluísse a desmilitarização do país.
Para haver estabilidade e paz na Ásia, é essencial criar zonas de paz para separar os maiores poderes do continente e os adversários em potencial. A proposta do Presidente Gorbatchev, que inclui também uma retirada completa das tropas soviéticas da Mongólia, ajudaria a reduzir a tensão e o potencial confronto entre a União Soviética e a China.


Uma verdadeira zona de paz deve também ser claramente criada para separar os dois países mais populosos do mundo: a China e a Índia. O estabelecimento de uma zona de ahimsa requereria a retirada das tropas e das bases militares do Tibete, o que possibilitaria que a Índia e o Nepal também retirassem suas tropas e bases militares da região do Himalaia fronteiriça do Tibete. Isto teria que ser conseguido por meio de acordos internacionais. Seria do maior interesse para todas as nações da Ásia, particularmente da China e da Índia, pois aumentaria a sua segurança ao mesmo tempo em que reduziria a preocupação econômica de manter uma grande concentração de tropas em áreas remotas.


O Tibete não seria a primeira área estratégica a ser desmilitarizada. Partes da Península do Sinai — o território egípcio que separa Israel do Egito — ficaram desmilitarizadas por algum tempo. Naturalmente, a Costa Rica é o melhor exemplo de um país totalmente desmilitarizado. O Tibete também não seria a primeira área a ser transformada numa reserva natural da biosfera. Foram criados muitos parques desse tipo no mundo. Algumas áreas especialmente estratégicas foram transformadas em "parques de paz" naturais. Dois exemplos são o Parque La Amistad na fronteira entre a Costa Rica e a Nicarágua."


Existe em O Pequeno Príncipe, de Antoine Saint-Exupéry, algo que seja semelhante ao que denominamos por alteridade?

 
Nossa equipe acha que sim. Leia o encarte a seguir:


"Que planeta engraçado!", pensou então. "É completamente seco, pontudo e salgado. E os homens não têm imaginação. Repetem o que a gente diz... No meu planeta eu tinha uma flor; e era sempre ela que falava primeiro."

Mas aconteceu que o pequeno príncipe, tendo andado muito tempo pelas areias, pelas rochas e pela neve, descobriu, enfim, uma estrada. E as estradas vão todas em direção aos homens.

- Bom dia! - disse ele.

Era um jardim cheio de rosas.

- Bom dia! - disseram as rosas.

Ele as contemplou. Eram todas iguais à sua flor.

- Quem sois? - perguntou ele espantado.

- Somos as rosas - responderam elas.

- Ah! - exclamou o principezinho...

E ele se sentiu profundamente infeliz. Sua flor lhe havia dito que ele era a única de sua espécie em todo o Universo. E eis que havia cinco mil, iguaizinhas, num só jardim!

"Ela teria se envergonhado", pensou ele, "se visse isto... Começaria a tossir, simularia morrer, para escapar ao ridículo. E eu seria obrigado a fingir que cuidava dela; porque senão, só para me humilhar, ela seria bem capaz de morrer de verdade..."

Depois, refletiu ainda: "Eu me julgava rico por ter uma flor única, e possuo apenas uma rosa comum. Uma rosa e três vulcões que não passam do meu joelho, estando um, talvez, extinto para sempre. Isso não faz de mim um príncipe muito poderoso..."

E, deitado na relva, ele chorou.


E foi então que apareceu a raposa:

- Bom dia - disse a raposa.

- Bom dia - respondeu educadamente o pequeno príncipe, olhando a sua volta, nada viu.

- Eu estou aqui - disse a voz, debaixo da macieira...

- Quem és tu? - Perguntou o principezinho. - Tu és bem bonita...

- Sou uma raposa - disse a raposa.

- Vem brincar comigo - propôs ele. - Estou tão triste...

-Eu não posso brincar contigo - disse a raposa. - Não me cativaram ainda.

- Ah! Desculpa - disse o principezinho.

Mas, após refletir, acrescentou:

- Que quer dizer "cativar"?

- Tu não és daqui - disse a raposa. - Que procuras?

- Procuro os homens - disse o pequeno príncipe. - Que quer dizer "cativar"?

- Os homens - disse a raposa - têm fuzis e caçam. É assustador! Criam galinhas também. É a única coisa que fazem de interessante. Tu procuras galinhas?

- Não - disse o príncipe. - Eu procuro amigos. Que quer dizer "cativar"?

- É algo quase sempre esquecido - disse a raposa. Significa "criar laços"...

- Criar laços?

- Exatamente - disse a raposa. - Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu também não tens necessidade de ti. E tu também não tens necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...

- Começo a compreender - disse o pequeno príncipe. - Existe uma flor... eu creio que ela me cativou...

- É possível - disse a raposa. - Vê-se tanta coisa na Terra...

- Oh! Não foi na Terra - disse o principezinho.

- A raposa pareceu intrigada:

- Num outro planeta?

- Sim.

- Há caçadores nesse planeta?

- Não.

- Que bom! E galinhas?

- Também não.

- Nada é perfeito - suspirou a raposa.


É verdade que Kant admitiu a hipótese da vida em outros planetas?

 
Sim. Kant trabalhou em pesquisas na área das ciências naturais, da física de Newton. Podemos destacar, entre os escritos desta fase, a História Universal da Natureza e Teoria do Céu (1755). Na obra surge a hipótese cosmológica da "nebulosa", utilizada para tratar da origem, da evolução do nosso sistema solar. Kant inclina-se para a existência de vida em outros planetas e busca explicar a existência de Deus desde a ordem e a beleza do universo.

   

Como referenciar: "Oráculo" em Só Filosofia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 27/11/2024 às 16:42. Disponível na Internet em http://filosofia.com.br/oraculo_resposta.php?pg=17