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Dicionário de Filosofia

Absolvição
a) Ação de relevar da culpa imputada ou da pena que lhe corresponde. b) Em religião, perdão dos pecados, realizado pelos sacerdotes no sacramento da penitência. Contrapõe-se a condenação.
 

Absorção
a) Completa ocupação da atenção com um objeto do conhecimento, ou dum pensamento (absorto, absorvido, distraído). A absorção é seguida da reflexão, que é um processo consciente de percepção; novas experiências substituem-na a seguir como uma posse mental.
 

Abstenção
a) Atitude ou estado de ânimo, ou ação, ou efeito de privar-se do exercício de uma função ou de um direito. b) Filosoficamente, abstenção significa a posição, a atitude de mente em não tomar uma direção. Assim se pode falar de abster-se de aderir a um juízo. É tomada como sinônimo de dúvida, pois quem duvida abstém-se de tomar uma posição.
 

Abstinência
Latim: abstineo, manter-se afastado. a) Consiste em impor-se voluntariamente, com finalidade moral ou religiosa, a privação de determinadas coisas de que a nossa natureza física carece. b) Na ética, renúncia voluntária à satisfação de um desejo ou de uma necessidade. c) É o principal caráter da moral ascética, que vê na vida uma decadência; na sociedade, um estado de queda e, na natureza, um castigo. d) Usado por Nietzsche no sentido estoico, não, porém, como norma contínua, mas descontínua, alternando-a com a intemperança. Para ele a abstinência seria um ato voluntário, um domínio sobre si mesmo, como treinamento da vontade, porquanto se ela se tornasse contínua se transformaria em hábito, não oferecendo o prazer da vitória.
 

Abstração
a) Gramaticalmente é o ato pelo qual nosso espírito separa num objeto, uma qualidade particular para considerá-la isoladamente de todas as outras, e com exclusão do próprio sujeito. b) Filosoficamente, abstrair consiste em separar (abstrahere = arrancar, desligar) pelo pensamento, ou considerar separadamente o que não pode ser dado separadamente na realidade. A abstração insula, pelo pensamento, o que não pode ser insulado na representação. c) A absorção do pensamento, com inatenção aos acontecimentos exteriores. d) Processo mental pelo qual certos caracteres, atributos ou relações são observados, independentemente de outros, que são negligenciados. e) Definição ontológica: Abstração é separar mentalmente o que, na realidade, não está separado.
 

Abstracionismo
a) Expressão usada por W. James para designar a tendência a tomar as abstrações como equivalentes a realidades concretas, embora, na realidade, sejam apenas certos aspectos das coisas. b) O uso, ou abuso de abstrações. c) Tendência a supervalorizar um aspecto da realidade, que é atualizado, enquanto se virtualizam outros, que se dão na sua concreção, de modo a reduzir estes últimos ao primeiro. Neste sentido, preferimos o termo abstratismo. São abstratistas o historicismo, o psicologismo, o ecologismo, o materialismo econômico (economismo) e, em geral, todos os ismos.
 

Abstratas (ciências)
a) Em Aristóteles são as matemáticas. b) As ciências que usam mais frequentemente as abstrações, como: matemática, metafísica, lógica, etc. c) Segundo Lachelier as ciências que usam abstrações. Nesse caso, toda a ciência seria abstrata. d) Spencer classifica: ciências concretas, as que tratam "dos próprios fenômenos estudados em seu conjunto", como a astronomia, a geologia, a biologia, a psicologia, a sociologia; e ciências abstrato-concretas, a mecânica, a física e a química, que tratam "dos próprios fenômenos estudados em seus elementos; e ciências abstratas, pelo caráter comum de tratar "das formas sob as quais aparecem os fenômenos", como a lógica e as matemáticas. Essas são as três divisões genéricas das ciências que Spencer estabelece. e) Segundo Augusto Comte são as "ciências que têm por objeto a descoberta das leis, que regem as diversas classes de fenômenos, considerando todos os casos que podemos conceber como as matemáticas, astronomia, física, química, biologia, sociologia, que formam "a série enciclopédica". Opõem-se às ciências "concretas, particulares, descritivas", que consistem "na aplicação dessas leis à história efetiva dos diferentes seres existentes". A acepção b é a mais frequente, e a que menos está sujeita a equívocos.
 

Abstrativo
Que abstrai, que serve para formar abstrações.
 

Abstrativo (Método)
Em oposição ao método hipotético, o método abstrativo "limita-se a resumir, numa fórmula matemática, a lei dos fenômenos sensíveis observados, e a transformar esta fórmula seguindo as regras do cálculo algébrico".
 

Abstrato
a) O que depende da abstração. b) Diz-se das palavras que designam nomes, termos abstratos, qualidades ou relações independentemente de seus sujeitos. Ex.: comprimento, brancura, etc. Opõe-se a concreto. c) Na escolástica, é chamada abstrata a noção de uma qualidade, ou das ideias que são concebidas independentemente do sujeito, seres de razão, entidades puramente metafísicas. d) Schopenhauer distingue: abstrato é o conceito que não se relaciona com a experiência, a não ser por intermédio de outros conceitos (relação, virtude, etc.); e concreto, o conceito que a ela se relaciona diretamente (homem, pedra, cavalo). Resta ainda algo desse uso quando se empregam as palavras abstrato e concreto no comparativo, ao dizer-se, por exemplo, que a ideia "relação" é mais abstrata que a de extensão. e) Para Hegel, o abstrato é o que aparece fora de suas relações verdadeiras com o resto, ou o que é uma unidade exclusiva de diferença; concreto, o que é plenamente determinado por todas as suas relações, a unidade que compreende as diferenças. Neste sentido, o que há de mais concreto é o espírito; ao contrário, são abstrações o particular (= o singular), enquanto isolado do universal pela percepção sensível, e o universal, enquanto isolado do particular pela reflexão do entendimento. f) Husserl repele tanto a teoria nominalista como o realismo dos universais. Para chegar ao abstrato, necessita-se não subir mas descer, salientando das essências os elementos que lhes pertencem, e que não podem subsistir por si mesmos: o universal é precisamente, em si, concreto, e não abstrato. O abstrato designa uma parte não consistente por si mesma de um universal concreto. g) O que se emprega apenas à contemplação. Diz-se de toda noção que resulta de uma abstração como, por exemplo: Se um termo se refere a algo abstrato daquilo que é referido é porque não tem existência espaço-temporal, isto é, o contrário de concreto, qual Berkeley considera, não existe num lugar qualquer nem num determinado momento, sendo o que está intimamente ligado diretamente ao conceito. h) Na Filosofia Clínica o termo abstrato tem dimensões além daquelas tratadas nas idéias particulares, em Locke universalizadas. Segundo o filósofo Lúcio Packter, o termo abstrato é o que está indiretamente relacionado aos sentidos, e diretamente ligado a conceitos, como, por exemplo, entendemos que um aroma é diferente de outro por suas naturezas distintas.
 

   

 
 
Como referenciar: "Dicionário - A" em Só Filosofia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 26/04/2024 às 02:22. Disponível na Internet em http://filosofia.com.br/vi_dic.php?pg=2&palvr=A