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Tomás de Aquino (1221 - 1274)

          Segundo Tomás de Aquino é a revelação divina que possibilita formularmos enunciados sobre a condição humana e sobre o mundo em que vivemos, é por isso que a preocupação inicial do pensamento do filósofo e teólogo é Deus e posteriormente o homem e o mundo. A filosofia por si só não consegue esgotar os conhecimentos que podemos ter do mundo e de nós mesmos. Para que possamos explorar de maneira mais abrangente a compreensão e a percepção do mundo e dos homens, necessitamos da sacra doutrina revelada por Deus. A fé aperfeiçoa a condição de entendimento da razão e a razão é o argumento aceito por todos os homens para esclarecer os assuntos da fé.

 

            Cinco provas da existência de Deus

Tomás, seguindo argumentações lógicas, busca provar a existência de Deus através de cinco raciocínios de causa e consequência. O primeiro raciocínio é o da modificação e é o que ele considera ser o mais evidente. Os nossos sentidos nos mostram que as coisas do mundo modificam, ora qualquer coisa que modifica é porque sofreu ação de outra coisa. As coisas não podem ser causa das próprias mudanças, tudo que foi modificado foi modificado por outra coisa. Se as modificações que ocorrem no mundo foram ligadas em forma de causa e efeito, deve existir uma causa última que desencadeou todos os outros movimentos, todas as outras modificações e essa causa última de todas as modificações é Deus, pois ele é imutável, não se modifica e é único.

            O segundo raciocínio é o principio causal. As coisas que existem tem necessariamente que terem sido feitas por algo que seja anterior a ela. O principio causal de uma pessoa são seus pais e da mesma forma todas as coisas tem o seu principio causal. Se raciocinarmos seguindo o principio de causa e efeito e formos buscar no passado a causa de todas as coisas, chegaremos a uma causa única que causou todas as outras coisas, essa causa única é Deus.

            A existência necessária é o terceiro raciocínio. No mundo encontramos muitas coisas, ou todas as coisas, que podem ser e podem também não ser, ou ser e deixar de ser o que são. Uma pessoa é, mas pode deixar de ser. Tomás acreditava que é impossível que as coisas sejam sempre, um dia o que é deixará de ser. Mas para que as coisas existam, mesmo que temporariamente, é necessário que exista algo que exista sempre, esse algo que sempre existiu e sempre existirá é Deus.

            O quarto raciocínio é o dos graus de perfeição. De todas as coisas que existem no mundo podemos classificá-las em melhores ou piores. Uma casa pode ser melhor que outra casa que pode ser pior do que uma terceira. Quando seguimos esse pensamento estamos organizando as coisas conforme seu valor, algumas coisas são mais ou menos perfeitas que outras. Na sequência, deve haver algo que seja bom, verdadeiro, virtuoso e perfeito ao máximo grau. A mais elevada perfeição, para Tomás, é Deus.

            O último dos cinco raciocínios lógicos para provarmos a existência de Deus segundo Tomás é o raciocínio do finalismo. Muitas coisas que não tem em si conhecimento de sua finalidade buscam mesmo assim um fim em seus movimentos, como algumas plantas que tem por finalidade produzir frutos. Como o conhecimento da finalidade da planta - produzir frutos - não está na planta, ele deve estar em algum outro ser, e esse ser é Deus.

 

            Tomás acreditava que o homem é formado por uma natureza racional, uma natureza que tem a capacidade de conhecer e de escolher livremente e é nessa capacidade de escolha que está a raiz do mal, que é a ausência do bem. O homem, para iluminar as suas livres ações em direção do bem, tem à sua disposição a lei eterna, a lei natural e a lei dos homens, e acima dessas três lei tem ainda a lei divina que é a lei manifesta por Deus. A lei eterna é o projeto de Deus para todo o universo. A lei natural, da qual o homem também tem capacidade de conhecimento, tem por fundamento o fazer o bem e evitar o mal, pois dessa forma ele vai proteger a sua existência, e isso também é um bem.

            A lei humana nasce da necessidade que o homem tem de viver em sociedade e de evitar que vivendo socialmente alguns homens cometam o mal, que leva à destruição da sociedade em que vivem. As leis humanas tem por objetivo preservar o bem comum. Mas se as leis humanas não respeitarem as lei naturais ou forem contra as leis divinas, elas deve ser desobedecidas, pois são injustas.

 

            Tomás busca incluir em um só conjunto a filosofia e a fé. Para representar a filosofia ele toma principalmente as obras de Aristóteles, e para representar a fé ele utiliza as revelações de Deus feita aos homens e da qual a Igreja Católica é guardiã.

            A finalidade suprema do homem é Deus e a razão é dependente da fé. A essência do homem, a sua natureza, é composta pelo corpo e pela alma, o corpo também faz parte da essência do homem, pois ele é o responsável pelas sensações, que não são percebidas somente pela alma.

 

Sentenças:

- Somente Cristo é verdadeiro sacerdote, os outros são seus ministros.

- Você não possui a verdade, mas é a verdade que te possui.

- Os princípios inatos na razão se demonstram verdadeiros ao ponto de não ser possível pensar que eles sejam falsos.

- Eu não sou a minha alma.

- Humildade é a virtude que freia no homem o desejo de se elevar além do que merece.

- Deus é um ato puro e não em potência, ele tem em si um poder ativo infinito sobre todas as outras coisas. 

- A alma se conhece pelos seus atos.

- Justiça sem misericórdia é crueldade.

- O que se recebe se recebe ao modo do recebedor.

- Tema ao homem de um livro só.

- Para quem tem fé a explicação não é necessária. Para quem não tem fé nenhuma explicação é suficiente.


Tomás de Aquino


Responsável: Arildo Luiz Marconatto

Como referenciar: "Tomás de Aquino (1221 - 1274)" em Só Filosofia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 23/04/2024 às 07:42. Disponível na Internet em http://filosofia.com.br/historia_show.php?id=52