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Boaventura de Bagnoregio (1217/1221 - 1274)

            Boaventura, considerado santo e doutor pela Igreja Católica, era contemporâneo e amigo de Tomás de Aquino. Na filosofia de Boaventura a fé tem superioridade sobre a ciência. A filosofia é o caminho para se chegar a outras ciências, mas o conhecimento filosófico por si só é um conhecimento que se fecha em si mesmo, é um conhecimento que leva ao erro, a filosofia para sair desse caminho que leva ao erro, deve se abrir ao conhecimento teológico e dar abertura também para as coisas místicas. A filosofia para Boaventura tem que buscar a relação entre o finito e o infinito, ou seja, entre o homem e Deus. Além disso ele é claramente contrário a uma filosofia que não seja cristã e a uma razão que seja suficiente a si mesma.

            A filosofia deve apresentar de maneira clara a presença de Deus no mundo. Uma filosofia construtiva e edificante é uma filosofia que possibilita descobrir a nossa origem divina.

            Boaventura é contra a visão aristotélica de que podemos conhecer as coisas sem Deus e que Ele é um motor imóvel, pois na visão do motor imóvel não existe espaço para o amor de Deus, nem para a providência e para a criação, que são características fundamentais de Deus. Para combater essa visão aristotélica de Deus como motor imóvel, Boaventura coloca em Deus modelos de ideias, desde as mais simples até as mais complexas. Essas ideias são exemplos e através deles Deus originou de forma livre o mundo. Deus quando criou o mundo sabia e desejava que o mundo fosse como é. Deus é um artífice talentoso e engenhoso do mundo que planejou. Dessa forma de criação decorre que o mundo está cheios de vestígios das coisas divinas e cabe aos homens compreender e desvendar estes vestígios. Mas nós percebendo o mundo não percebemos de forma direta as ideias exemplares de Deus, temos somente um contato confuso com as ideias exemplares divinas.

            Ele acreditava ainda que era inviável a ideia de que o mundo criado passe a ser eterno. É irreal a ideia que algo que não existia, a partir do momento que passe a existir exista eternamente. O mundo foi criado a partir do nada, o mundo era um não ser e voltará a ser um não ser. Se o mundo for infinito, ele terá que passar por grandes transformações que ocorram de forma sistemática e a sistematização implica em um mundo anterior e em um mundo posterior, mas para o infinito não pode existir um anterior e um posterior. A ideia de infinito não aceita um existir primeiro, um segundo existir ou a existência de um terceiro mundo. O mundo portanto foi criado no tempo e no seu devido tempo terá um fim.

            Os seres para Boaventura são formados por matéria e forma, sendo que a forma é a essência do ser e o limite da matéria desse ser.

            O homem é livre e deve ser recompensado pelo que fizer com sua liberdade. O homem para merecer as bem-aventuranças deve ser livre, pois não existe merecimento sem liberdade. A liberdade faz parte da natureza humana, mas não é um instinto, ela está ligada à vontade.

 

Sentenças:

- Não basta a leitura sem a devoção, a especulação sem o sentimento religioso, a pesquisa sem o maravilhar-se;  a seriedade sem o entusiasmo, o trabalho sem a piedade, a ciência sem a caridade, a inteligência sem a humildade e o estudo sem a bênção divina.

- Na matéria começam todas as limitações.


Boaventura


Responsável: Arildo Luiz Marconatto


Como referenciar: "Boaventura de Bagnoregio (1217/1221 - 1274)" em Só Filosofia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 25/04/2024 às 21:38. Disponível na Internet em http://filosofia.com.br/historia_show.php?id=51