Composto por transcrições de duas palestras de Searle, proferidas na Universidade de Paris - Sorbone, em 2001 Livre-arbítrio e neurobiologia e Linguagem e Poder o livro mantém o estilo oral e aprofunda as questões deixando-as em aberto para novas reflexões.
Na primeira palestra, o problema proposto é: O problema do livre-arbítrio consiste em indagar se os processos conscientes do pensamento que se produzem no cérebro os processos que constituem nossas experiências do livre-arbítrio são realizados no âmago de um sistema neurobiológico que é totalmente determinista.
Searle parte da constatação de um possível intervalo (gap) ou intervalos entre as causas que intervêm num processo decisório. Um primeiro intervalo entre razões que levam à decisão e o momento da tomada de decisão, outro entre a decisão e o começo da ação e, ainda, outro entre o começo da ação e sua realização final. Sua análise conduz à idéia da existência de um intervalo entre um estado consciente e o seguinte, e não entre estados constantes e movimentos corporais ou entre estímulos físicos e estímulos conscientes.
Considerando a consciência como uma característica superior ou sistêmica do cérebro, causada por elementos inferiores, como os neurônios e sinapses, Searle levanta duas hipóteses: 1. o estado do cérebro é causalmente suficiente, 2. ele não o é. A hipótese 1 é coerente com nossos conhecimentos em biologia, mas é pouco sedutora por ser epifenomenal. A hipótese 2 é mais complexa, transformando o problema do livre-arbítrio em três problemas: livre-arbítrio, consciência e eu.
Na segunda palestra, Linguagem e poder, o autor questiona: Como pode existir uma realidade política em um mundo feito de partículas físicas?. Descrevendo o papel da linguagem como parte constitutiva da realidade institucional, Searle aponta o poder político como uma questão de funções de status e, portanto, de poder deôntico, o que pode levar um sujeito a agir independentemente de seus desejos imediatos. ...a idéia de base é a seguinte: uma vez que você reconhece que tem uma razão válida para fazer algo, ainda que não queira, no entanto, você tem uma razão para querer fazê-lo. Se você for obrigado, por exemplo, a chegar ao escritório às 9 horas da manhã, você tem uma razão para fazê-lo, mesmo que de manhã não tenha vontade.
Considerando o poder político como uma questão de funções de status, ele demonstra que todo poder político vem de baixo, ou seja, um líder efetivo se faz líder pelo reconhecimento desse status e, conseqüentemente, permanece líder mesmo após ter deixado seu posto. Sendo o status uma questão de linguagem, os que controlam a linguagem, controlam o poder.
DADOS:
Título: Liberdade e Neurobiologia: reflexões sobre o livre-arbítrio, a linguagem e o poder político
Autor: John Searle
Equipe de Tradução: Constancia Maria Egrejas Morel
Ano: 2007
Editora: UNESP
Páginas: 102
ISBN: 978-85-7139-785-9
Valor: R$ 23,00 (vinte e três reais)
Responsável: Monica Aiub
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