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Provas de concursos e vestibular

 
(19/Jan) Professor de Filosofia - SEDUC - Amazonas - FGV - 2014
 
Conhecimentos Específicos

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Com relação às diversas vertentes de investigação que orientaram o desenvolvimento da Filosofia, na Grécia Antiga, analise as afirmativas a seguir.
I. A explicação do cosmos, em Tales e Pitágoras, recorreu ao instrumental geométrico e ao cálculo, com influências da cultura egípcia.
II. O apoio na língua grega, em especial o verbo ser, contribuiu para expressar raciocínios de identidade e diferença, de que são exemplos Parmênides e Heráclito.
III. O recurso ao monoteísmo do elemento natural foi utilizado para articular a ideia de unidade e totalidade da physis, como testemunha a Filosofia de Anaxímenes e Zenão de Eleia.
Assinale:
(A) se somente a afirmativa I estiver correta.
(B) se somente a afirmativa II estiver correta.
(C) se somente a afirmativa III estiver correta.
(D) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
(E) se todas as afirmativas estiverem corretas.

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"Tivessem os bois, os cavalos e os leões mãos, e pudessem, com elas, pintar e produzir obras como os homens, os cavalos pintariam figuras de deuses semelhantes a cavalos, e os bois semelhantes a bois, cada (espécie animal) reproduzindo a sua própria forma".
(Xenófanes de Colofão, séc. VI-V a. C. In: BORNHEIM, Gerd A. (org.). Os filósofos pré-socráticos. São Paulo: Cultrix, 2008, p. 32.)
Nascido por volta de 570 a. C. o filósofo Xenófanes, oriundo da cidade jônica de Colofão, foi um crítico da concepção dos deuses herdada de Homero e Hesíodo. No fragmento citado, essa crítica recai
(A) sobre o antropomorfismo, pelo recurso a analogias sem questionamento racional.
(B) sobre a arte médica, por sua dependência da experiência.
(C) sobre a atitude contemplativa, voltada para o conhecimento das coisas divinas e humanas.
(D) sobre a técnica artística, que imita a natureza.
(E) sobre a imanência dos princípios, característica da sabedoria antiga.

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"O que implica o sistema da polis é primeiramente uma extraordinária preeminência da palavra sobre todos os outros instrumentos do poder. Torna-se o instrumento político por excelência, a chave de toda autoridade no Estado, o meio de comando e de domínio sobre outrem".
(VERNANT, Jean-Pierre. As origens do pensamento grego. Rio de Janeiro: DIFEL, 2002, p. 54.)
As alternativas a seguir apresentam aspectos do valor da palavra para o pensamento filosófico grego, à exceção de uma. Assinale-a.
(A) O louvor à honra, à virtude e aos deuses, imortalizado pela palavra do poeta, exemplar da glória duradoura.
(B) A arte oratória, com seus recursos de argumentação antitética, com vistas ao debate público.
(C) A retórica como instrumento de crítica dos valores tradicionais com base na persuasão e na arte de bem falar.
(D) O cálculo sofístico do melhor e do útil em vista da pluralidade de interesses e posições.
(E) A dialética como arte dos discursos por meio do qual se refuta ou se estabelece algo.

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A Filosofia, enquanto um modo específico de conhecimento, data historicamente do mundo grego. Por volta dos séculos VI e V a.C., filósofos oriundos de várias cidades, da Magna Grécia à Ásia Menor, renovaram o pensamento quanto às indagações humanas sobre o cosmos e a vida social.
A respeito desse processo, relacione as regiões de emergência da Filosofia no mundo grego com as respectivas contribuições dos filósofos de lá oriundos.
1. Agrigento, na Sicília.
2. Eleia, no sul da Itália.
3. Abdera, na Trácia.
4. Mileto, na Jônia.
( ) A contribuição de Empédocles consistiu na crítica à Filosofia unitária dos eleatas, propondo, no lugar, uma pluralidade de princípios explicativos da physis.
( ) Provável discípulo e sucessor de Tales, Anaximandro concebe como princípio da physis o ilimitado, do qual deriva a multiplicidade das coisas limitadas.
( ) O núcleo do pensamento parmenídico reside em sua afirmação de que pensar e ser é o mesmo, o que confere um sentido forte à Filosofia como ontologia.
( ) A Filosofia de Demócrito é um desenvolvimento da teoria de seu mestre, Leucipo, pela qual a physis é concebida a partir de átomos incriados, indestrutíveis e imutáveis.
Assinale a opção que mostra a relação correta, de cima para baixo.
(A) 1 - 3 - 2 - 4.
(B) 1 - 4 - 2 - 3.
(C) 4 - 2 - 3 - 1.
(D) 2 - 4 - 3 - 1.
(E) 4 - 3 - 2 - 1.

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"A magia e a astrologia postulavam a solidariedade e unidade da natureza inteira, onde o cintilar do astro mais distante repercute no lugar mais recôndido do mundo e, inversamente, onde todo movimento da alma se prolonga em ecos infinitos. Não existem abismos nem fronteiras, mas uma gama de correspondências na corrente motriz da vida universal".
(GARIN, Eugenio. Moyen Âge et Renaissance. Paris: Gallimard, 1969, p. 131.)
Com relação ao pensamento filosófico renascentista, referido na citação, assinale V para a afirmativa verdadeira e F para a falsa.
( ) O platonismo renascentista foi elaborado a partir da leitura e tradução de Platão e Plotino, e concebeu um universo hierárquico que, conectando o Uno ao mundo físico, fazia deste último uma teia de afinidades ocultas.
( ) A obra Sobre a natureza das coisas (De rerum natura), de Epicuro, foi uma das principais fontes do atomismo renascentista, que concebeu um universo atomístico, infinito e formado por átomos, que viria a influenciar a ciência moderna no século XVII.
( ) O aristotelismo no Renascimento prolongou a interpretação medieval de Aristóteles como a grande autoridade do saber, reiterando a metafísica tomista de um cosmo fechado, qualitativo, finito e geocêntrico.
As afirmativas são, respectivamente,
(A) F, V e F.
(B) F, V e V.
(C) V, F e F.
(D) V, V e F.
(E) F, F e V.

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"Unicamente a autêntica e pura razão humana é a que se torna necessária e aconselhável para servir de orientação, e não um suposto e misterioso sentido da verdade, uma exaltada intuição sob o nome de fé, na qual a tradição ou a revelação podem ser enxertadas, sem o consentimento da razão."
(Adaptado de KANT, Imanuel. O que significa orientar-se no pensamento? [1786]. In: Textos seletos. 2ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1985, p. 72.)
Com base no texto citado, assinale a alternativa que identifica corretamente o conceito kantiano de razão, um dos pilares do iluminismo filosófico.
(A) O caráter especulativo da razão pura teórica se justifica pelo imperativo categórico de conhecer a verdade científica.
(B) As coisas espirituais que se revelam aos sentidos são os objetos da razão orientada para o conhecimento objetivo.
(C) A razão teórica é dependente do reconhecimento, para sua orientação, de um bem supremo transcendente entendido como puro ideal.
(D) A liberdade de pensar é uma exigência para a orientação civil do homem, comandando suas crenças pessoais e sua devoção religiosa.
(E) A razão, através da faculdade de conhecimento, deve subordinar o dado sensível da experiência, estabelecendo os limites do que podemos conhecer.

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"O gênio, em geral, é poético. Onde o gênio atuou - atuou poeticamente. O homem genuinamente moral é poeta".
(NOVALIS. Fragmentos-Diálogos-Monólogos. São Paulo: Iluminuras, 1988, p. 124.)
A afirmação de Novalis ecoa a ideia romântica alemã de genialidade, que teve em Friedrich Schiller um de seus porta vozes. Assinale a opção que identifica corretamente o ideal estético schilleriano associado à moral.
(A) O ideal de beleza se origina da capacidade de contemplação estética de que os homens são dotados, mas resta vazio se não apropriado por algum critério utilitarista.
(B) O juízo estético está ligado aos princípios da razão em seu uso mais sublime, que é o uso prático, desde que razão e sensibilidade atuem juntas pelo concurso da disposição lúdica.
(C) O critério de objetividade do belo deve ser encontrado no juízo de gosto particular, a partir do qual o sentimento estético universaliza o critério da fruição estética.
(D) O conceito de beleza deve ser encontrado na experiência, pois somente ela nos fornece o sentimento do Belo.
(E) A soberania da sensibilidade sobre a razão engendra a genialidade do artista, que exemplifica o caráter excepcional da criação artística e a impossibilidade de uma educação estética.

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"(...) tenham os juízos a origem que tiverem ou se apresentem em sua forma lógica como quiserem, existe uma diferença entre eles pelo seu conteúdo, que faz com que sejam simplesmente explicativos e nada acrescentem ao conteúdo do conhecimento, ou extensivos e ampliem o conhecimento dado (...)".
(KANT, Immanuel. Prolegômenos a toda metafísica futura que possa apresentar-se como ciência. Lisboa: Edições 70, s/d, § 2.)
Assinale a opção que identifica corretamente a que juízos o trecho kantiano se refere.
(A) Juízos universais e juízos disjuntivos.
(B) Juízos problemáticos e juízos infinitos.
(C) Juízos afirmativos e juízos categóricos.
(D) Juízos analíticos e juízos sintéticos.
(E) Juízos assertórios e juízos hipotéticos

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"É indiferente o que a consciência sozinha empreenda; de toda esta porcaria conservamos apenas um resultado: que esses três momentos - a força de produção, o estado social e a consciência - podem e devem entrar em contradição entre si, porque, com a divisão do trabalho, fica dada a possibilidade, mais ainda, a realidade, de que a atividade espiritual e a material caibam a indivíduos diferentes."
(Adaptado de MARX, Karl. A ideologia alemã. 6ª ed. São Paulo: HUCITEC, 1987, p. 45.)
Com base no texto, assinale a opção que identifica corretamente o conceito de ideologia em Karl Marx.
(A) Qualquer sistema de ideias que produza a conscientização das relações sociais de opressão.
(B) O entendimento da realidade material e espiritual que supera a divisão do trabalho.
(C) O ponto de vista desenvolvido pela classe operária no decorrer de sua luta contra o capital.
(D) Um conjunto de representações da realidade que falseiam as contradições sociais.
(E) As forças de produção e as relações sociais que distribuem as atividades humanas.

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"É pensado: consequentemente há pensante: a isso chega a argumentação de Descartes. Mas isso significa postular nossa crença no conceito de substância já como verdadeira a priori - que, quando seja pensado, deva haver alguma coisa que pense é, porém, apenas uma formulação de nosso hábito gramatical, que põe para um fazer um agente".
(NIETZSCHE, Friedrich. A vontade de poder. Rio de Janeiro: Contraponto, 2008, p. 261.)
Com relação à crítica de Nietzsche à Filosofia da subjetividade, analise as afirmativas a seguir.
I. O pensamento envolve afetos inconscientes, por isso o sujeito-substrato que sabe que pensa é uma ficção.
II. A constituição fisiológica do homem é fonte de conhecimento, o que leva o pensamento nietzscheano a criticar a ideia de um substrato anímico de origem transcendente.
III. A crença na consciência subjetiva leva à suposição de que só há interpretações, ao passo que para Nietzsche os fatos em si mesmos mostram o caráter ilusório da perspectiva múltipla do sujeito.
Assinale:
(A) se somente a afirmativa I estiver correta.
(B) se somente a afirmativa II estiver correta.
(C) se somente a afirmativa III estiver correta.
(D) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
(E) se todas as afirmativas estiverem corretas.

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"A rosa é sem porquê, floresce porque floresce, não cuida de si própria, não pergunta se a vemos".
(Angelus Silesius, séc. XVII.)
Na obra de Leibniz se ratificou um princípio filosófico que se opõe à indeterminação exemplificada na frase citada, do místico alemão Angelus Silesius, buscando, ao contrário, a explicação do porquê as coisas existirem e serem como são, e não de outra maneira.
Assinale a opção que identifica corretamente esse princípio.
(A) Princípio da contradição.
(B) Princípio de individuação.
(C) Princípio da diferença.
(D) Princípio de continuidade.
(E) Princípio da razão suficiente.

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Em uma conferência proferida na Universidade de Viena, Freud afirmou que o ingênuo amor-próprio dos homens, no transcorrer dos séculos, teve de se submeter a três grandes golpes desferidos pela ciência: o heliocentrismo de Copérnico, a teoria da evolução de Charles Darwin e a própria psicanálise por ele concebida.
Para Freud, a ferida narcísica trazida pela psicanálise
(A) confirmava as bases filosóficas da consciência subjetiva, ao destacar o papel do ego na elaboração do conhecimento.
(B) indicava a necessidade de fortalecer a liberdade da vontade, contra as ameaças do desejo inconsciente de destruição.
(C) solapava as pretensões da percepção interna em ordenar o mundo, mostrando a base pulsional do inconsciente.
(D) mostrava os impulsos humanos como controláveis pela mente, desde que submetidos à análise lógica.
(E) apontava a herança filogenética da espécie humana como o rochedo da castração, metáfora do limite do trabalho psicanalítico.

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As alternativas a seguir apresentam características da noção wittgensteiniana de jogo de linguagem, à exceção de uma. Assinale-a.
(A) Os significados linguísticos não estão fixos e determinados, mas são funções exercidas pelas expressões linguísticas em contextos particulares.
(B) As palavras têm funções diferentes e, por isso, não são utilizadas primordialmente para descrever a realidade, e sim para atingir um objetivo como, por exemplo, dar uma ordem ou agradecer.
(C) As expressões linguísticas são sempre utilizadas em um contexto de interação entre interlocutores, que as empregam com um objetivo determinado.
(D) A linguagem mobiliza regras de uso em situações variadas, o que faz da realidade o próprio entrelaçamento entre palavras e atividades que se conseguem indicar pela linguagem.
(E) O significado da palavra e suas regras performáticas mostram a essência da linguagem como o código dos sinais necessários à natureza, legitimando o uso solipsístico da linguagem.

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A ética normativa é um dos campos de estudo da Ética, podendo ser dividida em duas categorias: a ética teleológica e a ética deontológica.
Assinale a opção que caracteriza corretamente um exemplo de ética normativa.
(A) A ética das virtudes é um exemplo de ética deontológica, pois orienta a conduta moral para o cumprimento de ações consideradas boas para o convívio social.
(B) A ética do discurso é uma ética deontológica, uma vez que formula como válidas as reivindicações éticas que possam ser aceitas racionalmente mediante argumentos.
(C) O utilitarismo de ação é um tipo de ética deontológica, na medida em que defende a determinação de regras universais para se alcançar o maior benefício para todos.
(D) O contratualismo moral é uma ética consequencialista, já que advoga a justificabilidade das ações voltadas para a produção do maior saldo de felicidade possível.
(E) O comunitarismo é uma ética do dever, pois fundamenta as normas da comunidade na crença de que as pessoas têm o conhecimento imediato do que é certo e do que é errado.

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Leia o fragmento a seguir a respeito da perspectiva aristotélica da Metafísica.
Todos admitem que algumas coisas sensíveis são .................... ; portanto deveremos desenvolver a nossa pesquisa partindo dessas coisas. De fato, é de grande utilidade proceder gradualmente na direção daquilo que é mais cognoscível. Com efeito, todos adquirem o saber desse modo: procedendo através das coisas que são menos cognoscíveis por natureza, isto é, ................... na direção das que são mais cognoscíveis por natureza, isto é, .................... .
Assinale a opção que completa corretamente as lacunas do fragmento acima.
(A) matéria - as coisas sensíveis - o suprassensível.
(B) indivíduos - o suprassensível - o sínolo.
(C) substâncias - as coisas sensíveis - as coisas inteligíveis.
(D) acidentes - a forma - as categorias.
(E) essências - as coisas inteligíveis - as coisas sensíveis.

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São problematizações políticas corretas sobre o Estado e a Sociedade formuladas na Época Moderna, à exceção de uma.
Assinale-a.
(A) A teoria política de Maquiavel formulou as bases do princípio do Estado soberano enquanto estrutura jurídica, a partir da determinação dos direitos da soberania estatal.
(B) A teoria política de Hobbes concebeu o Estado como um deus mortal capaz de ser destruído, por sua própria natureza, pelas guerras e pelas discórdias intestinas.
(C) A teoria política de Locke definiu a sociedade civil como um corpo social unido, sob uma lei cuja execução é assegurada por um magistrado, para preservar a vida, a liberdade e a propriedade.
(D) A teoria política de Espinosa compreendeu o direito natural a partir da presença de algumas regularidades nos comportamentos humanos, determinadas pela combinação dos afetos.
(E) A teoria política de Rousseau identifica na lei a declaração da vontade geral, pela qual cada associado se aliena totalmente, com todos os seus direitos, à comunidade toda.

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"Tudo o que existe abaixo do Primeiro tem de provir dele, quer imediatamente, quer através de intermediários. Tem de haver uma ordem de segundo grau e uma ordem de terceiro grau, na qual a segunda volta-se à primeira e a terceira à segunda".
(PLOTINO. Tratados das Enéades. São Paulo: Polar Editorial, 2000, p.55.)
O neoplatonismo pode ser compreendido, de modo geral, como uma Filosofia baseada em uma estrutura hierárquica que tem como princípio o Uno, razão pela qual também é conhecido como uma henologia e tem em Plotino seu grande representante.
Assinale a opção que caracteriza corretamente o sistema plotiniano em relação à sua estrutura hierárquica do ser.
(A) O Uno é a primeira hipóstase, entendida como a realidade imanente ao mundo, que explica sua multiplicidade, sendo, ao mesmo tempo, incorpóreo.
(B) O Nous ou Espírito é o princípio que está além do ser e da essência, pois é a inteligência que pensa a totalidade dos inteligíveis.
(C) A processão é o princípio que explica como do Uno provém o múltiplo, já que o Uno é atividade autoprodutora.
(D) A Alma é a terceira hipóstase do sistema plotiniano, concebida como corpórea por ser a razão das coisas sensíveis.
(E) Como tudo procede do Princípio, ao homem é dada a experiência inata e imediata da união mística com o divino, que elimina o mistério e revela a realidade última do mundo.

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"O ato de fala total na situação de fala total é o único fenômeno real que, em última análise, pretendemos elucidar".
(AUSTIN, J. L. How to do things with words. Oxford: Clarendon Press, 1962, p. 147.)
J. L. Austin é um dos representantes da renovação em Filosofia da linguagem no século XX, ao propor um método de análise de questões filosóficas por meio do uso da linguagem entendida como modo de ação por meio das palavras.
Assinale a opção que identifica corretamente essa corrente contemporânea da Filosofia da linguagem.
(A) Semiótica.
(B) Sintática.
(C) Semântica.
(D) Estruturalismo.
(E) Pragmática.

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"(...) os poetas trágicos são versados em todas as artes, em todas as coisas humanas relativas às virtudes e aos vícios, e até mesmo nas coisas divinas; na verdade, é necessário, afirmam, que o bom poeta, se quiser criar uma bela obra, conheça os temas de que trata, pois de outra forma não seria capaz de criar. É preciso, pois, examinar se tais pessoas, tendo-se deparado com imitadores desse gênero, não foram enganadas pela visão de suas obras, não se dando conta de que elas se acham afastadas em três graus do real, e de que, sem conhecer a verdade, é fácil realizá-las com êxito, pois os poetas criam fantasmas e não coisas reais (...)".
(PLATÃO. A República. São Paulo: Perspectiva, 2006, Livro X.)
Platão atribui um papel pedagógico importante à arte na cidade ideal concebida na República, mas seus critérios são rigorosos e sua crítica recai sobre os poetas, por serem "imitadores".
Com relação à crítica platônica da imitação, analise as afirmativas a seguir.
I. A crítica platônica da imitação inclui uma hierarquização da mimese em relação às essências, que são a única realidade.
II. A crítica platônica da imitação distingue o bom do mau poeta, pois o primeiro conhece sua arte, por isso, acede ao Belo.
III. A crítica platônica da imitação elogia o papel da tragédia, por sua abordagem superior das virtudes e vícios humanos.
Assinale:
(A) se apenas a afirmativa I estiver correta.
(B) se apenas a afirmativa II estiver correta.
(C) se apenas a afirmativa III estiver correta.
(D) se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas.
(E) se todas as afirmativas estiverem corretas.

50
A busca da felicidade é um tema recorrente nas tradições filosóficas bem como objeto de reflexão crítica em outros campos de conhecimento, como a ciência e a psicanálise.
Relacione os pensadores a seguir às respectivas concepções sobre a felicidade.
1. Sócrates
2. Espinosa
3. John Stuart Mill
4. Sigmund Freud
( ) Na vida é útil aperfeiçoarmos, tanto quanto pudermos, o intelecto ou a razão, e nisso consiste a suprema felicidade ou beatitude do homem.
( ) A busca da felicidade em suas mais variadas formas é explicável pelo princípio do prazer, mas a impossibilidade de sua conquista definitiva é igualmente justificável, dado o princípio de realidade.
( ) Não se pode fornecer nenhuma razão por que a felicidade geral é desejável, exceto a de que cada pessoa deseja sua própria felicidade, na medida em que crê poder alcançá-la.
( ) A presença, na alma, do bem que lhe é próprio, ou seja, a justiça ou ordem da alma, é causa imediata da felicidade.
Assinale a opção que mostra a relação correta, de cima para baixo.
(A) 1 - 3 - 2 - 4
(B) 1 - 4 - 2 - 3
(C) 4 - 2 - 3 - 1
(D) 2 - 4 - 3 - 1
(E) 4 - 3 - 2 - 1

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A lógica fornece padrões de correção do raciocínio. Dois de seus conceitos são a validade e a legitimidade: um argumento é válido quando sua conclusão segue logicamente suas premissas; um argumento é legítimo quando não é apenas válido, como também possui premissas verdadeiras.
Considere o seguinte argumento:
"Todos os patos são raposas;
todas as raposas são animais;
logo (conclusão), todos os patos são animais".
O argumento é
(A) válido, pois sua premissa é verdadeira.
(B) legítimo, pois sua conclusão é verdadeira.
(C) válido, mas não legítimo, pois sua conclusão é verdadeira, mas sua premissa é falsa.
(D) válido e legítimo, pois tanto a premissa quanto a conclusão são verdadeiras.
(E) nem válido nem legítimo, pois sua conclusão verdadeira advém de uma premissa falsa.

52
"De modo algum [o pragmatismo e o instrumentalismo] perseguem a produção de crenças úteis à moral e à sociedade. Mas a formação de uma fé na inteligência, como a única e indispensável crença necessária à moral e à vida social. Quanto mais se aprecia o valor intrínseco, imediato e estético do pensamento e da ciência, quanto mais se toma consciência de que a própria inteligência acrescenta alegria e dignidade à vida, tanto mais se sente pesar frente à situação em que o exercício e a alegria da razão encontram-se limitados a um grupo social restrito, fechado e técnico, e tanto mais dever-se-ia perguntar como seria possível fazer todos os homens participantes desse inestimável bem".
(DEWEY, John. "O desenvolvimento do pragmatismo americano". In: Scientiae Studiae, São Paulo, v. 5, nº 2, 2007, p. 242.)
O instrumentalismo de John Dewey, parte integrante do pragmatismo norte-americano, refletiu sobre o papel social do filósofo no mundo a partir da ideia de democracia, articulando-a ao pensamento filosófico e à ciência.
Com relação à concepção deweyana da democracia e com base no texto, analise as afirmativas a seguir.
I. Ao recusar o papel fundacionista da Filosofia como função definitiva do saber científico, Dewey assimilou o papel de expandir o conhecimento científico para toda a sociedade à democracia.
II. A concepção deweyana de uma atitude experimental na ciência, enquanto favorável à receptividade do novo, se estendeu à educação como oportunidade de formas novas de liberdade social e artística.
III. O conhecimento como produto provisório de investigações, e não algo definitivamente estabelecido, é uma ideia deweyana congruente com o princípio democrático da educação como experiência reflexiva.
Assinale:
(A) se apenas a afirmativa I estiver correta.
(B) se apenas a afirmativa II estiver correta.
(C) se apenas a afirmativa III estiver correta.
(D) se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas.
(E) se todas as afirmativas estiverem corretas.

53
No intuito de prover uma sistematização do conhecimento filosófico, Aristóteles distinguiu vários ramos da ciência, nos quais a metafísica é identificada como uma ciência
(A) teológica, que pesquisa a ordenação matemática do mundo a partir do Um.
(B) prática, que busca a perfeição moral ao se dedicar ao estudo do Sumo Bem.
(C) teorética, que considera os primeiros princípios e as causas primeiras.
(D) poiética, que tem como finalidade a produção do mundo físico.
(E) lógica, que investiga as proposições em sua estrutura argumentativa.

54
Positivismo deriva do termo "positivo", definido por Augusto Comte em seu Discurso preliminar sobre o espírito positivo, a partir das características do novo espírito filosófico.
Na perspectiva do positivismo comtiano, "positivo" significa
(A) histórico em oposição a fantástico, e reflete o interesse do positivismo pela elaboração de uma visão filosófica da história.
(B) real em oposição a fictício, e reflete o interesse do novo espírito filosófico pela pesquisa experimental.
(C) absoluto em oposição a relativo, e reflete a concepção da ciência como único saber válido frente à teologia e à metafísica.
(D) livre em oposição a determinado, e reflete a autonomia de trabalho científica na perquirição das respostas à curiosidade do espírito humano.
(E) concreto em oposição a abstrato, e reflete a subordinação da imaginação aos enunciados gerais da lógica.

55
Os PCNs de Filosofia identificam uma série de habilidades e competências necessárias na realização do processo de ensino-aprendizagem do saber filosófico. Nesse sentido, o professor que aborda um novo tema ainda não conhecido pelos alunos, em um primeiro momento, introduz o panorama histórico no qual a temática se desenvolveu.
Para essa abordagem inicial, pela orientação dos PCNs, o professor realiza a habilidade/competência de
(A) articular diferentes conteúdos e modos discursivos da Filosofia com outras produções culturais.
(B) contextualizar conhecimentos filosóficos, por exemplo, no plano de sua origem específica.
(C) ler, de modo filosófico, textos de diferentes estruturas e registros.
(D) elaborar, por escrito, o que foi apropriado de modo reflexivo.
(E) debater, assumindo e defendendo uma posição argumentativa.

56
"Não é possível desunir Filosofia de filosofar, pois os dois são uma mesma coisa. O filosofar é uma disciplina no pensamento que, ao ser operada, vai produzindo Filosofia e a Filosofia é a própria matéria que gera o filosofar. São indissociáveis. A matéria Filosofia separada do ato de filosofar é matéria morta, recheio de livro de estante. Para ser Filosofia ela tem que ser reativada, reoperada, assim reaparecendo a cada vez. Como a malha tricotada que só aparece se houver o ato do tricotar".
(ASPIS, R. P. L. "O professor de Filosofia: o ensino de Filosofia no ensino médio como experiência filosófica". In: Cadernos Cedes, Campinas, vol. 24, n. 64, p. 305-320, set./dez. 2004.)
A posição teórica sustentada no trecho acima - a de que não há propriamente uma dissociação entre a História da Filosofia e o filosofar -, aplicada ao ensino de Filosofia, pode ser executada com diversas estratégias.
Com relação à perspectiva de vinculação entre história da Filosofia e o filosofar no ensino de Filosofia, assinale V para a afirmativa verdadeira e F para a falsa.
( ) Essa perspectiva permite recuperar a superioridade epistemológica do ensino universitário em relação à educação básica, ao garantir, para essa última, a certeza e a autenticidade do conteúdo filosófico a ser transmitido aos alunos das escolas.
( ) Essa perspectiva cria condições para que o licenciando em Filosofia consiga traduzir, de modo autônomo e produtivo, sua convivência com as questões e os textos clássicos da Filosofia para o contexto de sala de aula.
( ) Essa perspectiva possibilita superar o distanciamento entre a atividade pedagógica e a pesquisa especializada, proporcionando ao estudante de Filosofia uma inserção efetiva no seio da tradição filosófica.
As afirmativas são, respectivamente,
(A) F, V e F.
(B) F, V e V.
(C) V, F e F.
(D) V, V e F.
(E) F, F e V.

57
"Todos os objetos da razão ou investigação humana podem ser divididos naturalmente em duas espécies, a saber: relações de ideias e questões de fato".
(HUME, David. Investigação sobre o entendimento humano. São Paulo: Abril Cultural, 1980, p. 143 (Col. Os Pensadores).)
A Filosofia humeana é conhecida pelo princípio segundo o qual todo conhecimento da natureza assenta na descoberta de algum tipo de relação causal. Para Hume, relações causais são
(A) questões de fato, na medida em que podem ser provadas demonstrativamente através das capacidades intuitivas da razão.
(B) relações de ideias, pois cabe ao entendimento o papel de deduzir as regras de associação entre eventos.
(C) questões de fato, já que sua evidência é fornecida pela experiência, embora sua necessidade e universalidade só sejam conferidas pelo entendimento.
(D) relações de ideias, uma vez que se explicam por princípios de conexão entre os diversos pensamentos ou ideias, que lhes imprimem certa regularidade.
(E) questões de fato, pois fundam-se em relações de causa e efeito inteiramente originadas na experiência.

58
As alternativas abaixo identificam características da Filosofia epicurista, à exceção de uma. Assinale-a.
(A) O temor da morte expressa a finitude da sabedoria filosófica.
(B) A declinação ou clinamendos átomos gera casualmente o mundo.
(C) Tudo é composto de vazio e de corpos.
(D) A ausência de dor ou ataraxia é o sumo prazer a ser buscado.
(E) Os temores dos deuses e do além são em vão.

59
"No sentido mais amplo do progresso do pensamento, o esclarecimento tem perseguido sempre o objetivo de livrar os homens do medo e de investi-los na posição de senhores. Mas a terra totalmente esclarecida resplandece sob o signo de uma calamidade triunfal".
(ADORNO, T. W. e HORKHEIMER, M. Dialética do Esclarecimento. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1985, p. 17.)
A Dialética do Esclarecimento se inicia com o trecho acima citado, fornecendo a chave geral de leitura desse ensaio: mostrar as duas faces do esclarecimento, ao mesmo tempo libertador e aprisionador.
Com relação à crítica de Adorno e Horkheimer ao esclarecimento, assinale V para a afirmativa verdadeira e F para a falsa.
( ) O movimento das Luzes do século XVIII, contrariamente a seu esforço, não destruiu o mito, transformando o próprio esclarecimento em uma mistificação, pois usou as mesmas funções assertivas e controladoras que se dispôs a combater.
( ) O conhecimento científico, longe de emancipar a razão, aborda a realidade em perspectiva já limitada pelo jogo de interesses sociais e historicamente situados, o que explica que a crítica iluminista da razão é suscetível de se deixar instrumentalizar pelo interesse.
( ) A arte escapa à dominação social da natureza, pois é o único campo capaz de mostrar como se conquista a autonomia do sujeito, através da fruição estética, justificando, com isso, a distância ética e estética entre arte superior e cultura popular.
As afirmativas são, respectivamente,
(A) F, V e F.
(B) F, V e V.
(C) V, F e F.
(D) V, V e F.
(E) F, F e V.

60
O princípio de que "a existência precede a essência" é central no pensamento do filósofo Jean-Paul Sartre.
Assinale a opção que aponta uma consequência conceitual desse princípio.
(A) A recusa do fatalismo, pois a liberdade sartreana exige que o homem entenda que não se criou a si mesmo e, por essa razão, está lançado no mundo, sendo responsável pelo que faz.
(B) A negação da transcendência do homem, o que o torna um entre os inúmeros objetos e seres participantes do mundo material, equalizando-os como simples existentes.
(C) A relativização da vontade, uma vez que a existência é efêmera e contingente, o que frequentemente lança o homem em situações em que a força do destino é superior à sua iniciativa.
(D) A defesa do solipsismo moral, já que o caráter irredutível da existência individual leva cada um a conceber um conceito de bem incomunicável a outro ser humano.
(E) A concepção de uma natureza humana, que se encarna na diversidade das experiências individuais, atestando a capacidade de cada um de se determinar.

GABARITO:
31D
32A
33A
34B
35C
36E
37B
38D
39D
40D
41E
42C
43E
44B
45C
46A
47C
48E
49A
50D
51C
52E
53C
54B
55B
56B
57E
58A
59D
60A
     

 
 
Como referenciar: "Provas - Professor de Filosofia - SEDUC - Amazonas - FGV - 2014" em Só Filosofia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 19/04/2024 às 08:36. Disponível na Internet em http://filosofia.com.br/vi_prova.php?id=183