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(24/Mai) Professor de Filosofia - IF - Paraíba - 2014
 
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

21. Na Grécia do século VI a.C., inicia-se a reflexão filosófica de nossa cultura ocidental. Inicia-se também aquela a que ainda hoje chamamos "história da filosofia". De outra parte, uma velha tese de alguns historiadores da filosofia era a da gradual passagem do mythos ao logos. Dessa forma é CORRETO afirmar que:
a) Está historicamente demonstrado que os povos orientais, com os quais os gregos tiveram contato, possuíam de fato uma forma de sabedoria feita de tradições religiosas, míticas, teológicas e cosmogônicas, mas não uma ciência filosófica baseada no logos;
b) Historicamente as pesquisas que evidenciam uma nascente oriental da filosofia somente revelam aspectos religiosos e míticos que não podem ser interpretados como filosofia e não estão baseados no logos;
c) Existem documentos que demonstram uma determinada utilização, por parte dos gregos, de textos religiosos de antigas tradições orientais muito semelhantes aos textos filosóficos gregos;
d) Mesmo que se encontrem vestígios de tal influência, o que representa saber entre os orientais não é de fato um saber que demonstre conhecimento, mas apenas religião;
e) O que há no mundo oriental é a estrutura de um saber aleatório baseado em tradições míticas e religiosas que desempenham um conhecimento sistemático a partir de livros sagrados e experiências espirituais que somente depois de Alexandre chegou à Grécia.

22. Dentre os elementos que representam as condições ambientais daquele fenômeno histórico que foi o "nascimento" da filosofia e da ciência gregas, assinale a alternativa CORRETA:
a) Leis não escritas, vida econômica e política dinâmica, não separação entre natureza e cultura;
b) Leis escritas, vida econômica e política estática, separação entre natureza e cultura;
c) Mentalidade em harmonia com a tradição, leis escritas, separação entre natureza e cultura;
d) Vida econômica e política dinâmica, leis escritas, mentalidade crítica em relação à tradição;
e) Identificação entre natureza e cultura, leis escritas, debate e crítica à tradição.

23. Em relação aos pré-socráticos, é CORRETO afirmar que:
a) Existe uma nítida separação entre mito e razão, com base na qual os mitos seriam completamente irracionais, servindo apenas como ponto de apoio para a crítica filosófica;
b) Considera-se importante a interpretação da filosofia de alguns pré-socráticos (como, por exemplo, Anaximandro e Empédocles) como expressão de uma forma cultural que conserva ainda em seu interior algo do pensamento mítico;
c) É suficiente estabelecer uma conexão entre todos os pensadores que se agrupam sob o epíteto de pré-socráticos considerando-se primordialmente a questão cronológica;
d) Podem-se classificar como "naturalista" os pré-socráticos por se debruçarem majoritariamente sobre estudos pertinentes à natureza, sem maiores interesses pelas questões humanas;
e) A distinção das fontes para se trabalhar com os pré-socráticos é fundamental. Nesse sentido, considera-se "fragmento" o relato que se tem sobre sua suposta doutrina.

24. A respeito das reflexões de Empédocles, assinale a alternativa CORRETA:
a) Desenvolveu sua reflexão tomando por base três elementos, identificando matéria e força na explicação dos fenômenos cosmogônicos.
b) Trabalhou com quatro raízes, eternas e imutáveis, e com os conceitos de limitado e ilimitado.
c) Considerou a matéria constituída do que chamou de quatro raízes, em contínua transformação pelas forças da amizade e da discórdia.
d) Explicou a origem das espécies a partir de um único elemento e de uma única força.
e) Sua reflexão não utilizava a forma poética e não considerava aspectos cosmogônicos.

25. Considerando as ponderações de Aristóteles pertinentes à ética e à política, é CORRETO afirmar que sua concepção de justiça:
a) Identificou a justiça distributiva com a justiça corretiva a partir da noção de eudaimonia.
b) Instituiu a isonomia como adequação do comando genérico da lei à contingência dos casos particulares.
c) Vinculou o justo político ao justo doméstico, apresentando-os como variações do justo natural.
d) Apresentou a justiça total como o respeito às leis não escritas, expressão máxima da prudência.
e) Utilizou a noção de equidade para a justiça do caso individual, completando o justo legal.

26. Levando-se em conta as possíveis relações entre ética e linguagem, por dentro do pensamento aristotélico, é CORRETO afirmar que:
a) O problema da verdade não é enfrentado por Aristóteles, limitando-se a classificar os gêneros discursivos.
b) O problema da verdade científica é encarado como ajuste de significados, bastando que se fundamente sobre um silogismo científico.
c) O silogismo dialético serve para fundar a retórica, utilizando dois instrumentos: o entimema e o exemplo.
d) A retórica, enquanto arte dos meios e modos de convencimento, considera o ethos e o logos, desconsiderando o pathos.
e) O entimema é um silogismo que parte de princípios primeiros e não de premissas prováveis.

27. Na República, mais precisamente entre os livros VI e VII, Platão reflexiona a respeito da educação filosófica. Nessa perspectiva, assinale a opção CORRETA:
a) A importância pedagógica da matemática, apresentada como indispensável à formação filosófica, deve-se ao fato de remeter à delicada questão da unidade da virtude.
b) O papel da memória, na aquisição do conhecimento e no currículo formativo do filósofo, indica o respeito à tradição e aos saberes antigos.
c) A imagem apresentada na conhecida Alegoria da Caverna, enquanto exemplificação da prática educativa, demonstra a acolhida do saber filosófico na cidade.
d) O conflito entre as práticas didáticas dos sofistas e de Sócrates é superado com a aceitação da opinião enquanto etapa necessária na construção do conhecimento filosófico.
e) A psicagogia é considerada como uma combinação entre maiêutica e ironia na figura dos prisioneiros dentro da caverna.

28. A questão da justiça, fortemente discutida nos livros I e II da República, ganha contornos significativos com a resposta de Trasímaco de que a justiça seria o interesse do mais forte. A partir disso, assinale a alternativa CORRETA:
a) O interesse do mais forte evidencia que a justiça política sobrepõe-se à questão da virtude, fazendo equivalência entre o ser justo e o parecer justo.
b) O interesse do mais forte sinaliza o mais vantajoso para a cidade, sendo uma consequência da cooperação entre as virtudes.
c) O mais forte nunca se equivoca, razão pela qual sempre parece justo e tem o respeito de todos.
d) O mais forte nunca se engana, razão pela qual sempre é justo e tem o respeito de todos.
e) Enquanto mais forte, o governante nunca pratica atos injustos e a justiça dos demais é obedecer-lhe.

29. A respeito do pensamento de Santo Agostinho, é CORRETO afirmar que:
a) Como representante da escolástica, considera que a razão precede a fé no processo de conhecimento.
b) Como representante da patrística, considera que a fé precede a razão no processo de conhecimento.
c) Na obra De Magistro, considera o mestre exterior mais importante que o mestre interior.
d) Na sua reflexão sobre a formação humana, não leva em conta o processo da revelação.
e) Sua filosofia se resume a uma releitura das obras de Aristóteles, desprezando o pensamento de Platão.

30. Considerando as reflexões de Santo Agostinho sobre o livre-arbítrio, assinale a alternativa CORRETA:
a) Ser livre é deliberar com autonomia, respeitando as leis humanas que são a expressão fiel das leis divinas.
b) Ser livre é um ato de fé, a razão não desempenha papel fundamental no exercício do livre-arbítrio.
c) A vontade não governa o homem e a fé é suficiente para assegurar o livre-arbítrio.
d) O livre-arbítrio deve orientar-se segundo a razão divina, ou seja, de acordo com os preceitos da lei eterna, o que não se faz sem que o homem mergulhe em si mesmo para se conhecer.
e) Ser livre independe da iluminação divina e o intelecto humano é suficiente para se autodeterminar.

31. Tomando por base o pensamento de Tomás de Aquino, é CORRETO afirmar que:
a) Como representante da patrística, considerou a razão subordinada à fé.
b) Como representante da escolástica, considerou a fé subordinada à razão.
c) Sua doutrina atribui papel fundamental à razão no exercício da fé.
d) O conhecimento é ato exclusivo da razão.
e) O conhecimento é ato exclusivo da fé.

32. A partir da filosofia de Tomás de Aquino, assinale a opção CORRETA:
a) O ato moral de escolha do bem e de repúdio do mal consiste num exercício de fé, pois a razão não seria capaz de tal discernimento.
b) A lei natural é irracional, fruto da atividade contemplativa, insuficiente para regular a conduta humana.
c) A liberdade é conquista da fé, podendo ser negligenciada pela razão nas diversas situações éticas.
d) O governo de si para o homem será guiar-se por princípios puramente reflexivos, sem considerar a experiência prática.
e) A atividade ética consiste em, por meio da razão prática, discernir o mal do bem e executar o escolhido mediante a vontade.

33. O estudo da filosofia política e da democracia moderna não pode prescindir de uma acurada leitura da obra de Rousseau. Nessa direção, considerando suas reflexões pertinentes ao contrato social, é CORRETO considerar que:
a) O contrato social representa a formação de um corpo coletivo, diferente dos membros particulares que compõem sua estrutura, e isto em função do ato de união que se chama pacto social.
b) O contrato social aparece como forma de cerceamento da liberdade, privilegiando-se a vontade do soberano.
c) A vontade geral que funda o pacto social é fruto da soma da vontade de todos, lastreada na unanimidade.
d) A noção de bem comum é diluída na multiplicidade dos interesses individuais, plenamente assegurados pelo contrato social.
e) As leis surgem como resultado da desigualdade entre os homens, escravizando-os ainda mais.

34. A crítica de John Locke à afirmação de que em nossa mente certos princípios, tanto especulativos como práticos, são inatos, baseia-se em que observação na obra Ensaio sobre o entendimento humano.
a) Pelo fato de a verdade ser compreendida e considerada ideia que absorve a condição por ela pensada.
b) Havendo uma verdade que pensa ser considerada como verdade, teremos uma extensão pelo homem como ideia inata.
c) Não havendo a verdade, a lacuna é preenchida pela ideia de realização do entendimento.
d) Ainda que haja verdades sobre as quais todos os homens estivessem de acordo, isto não demonstraria de fato que tais verdades são inatas.
e) Na observação da ideia e da verdade, poderemos considerar que demonstram o que a mente evidencia como correto para o pensar.

36. O que é CORRETO afirmar sobre o ceticismo filosófico?
a) Opõe-se às filosofias dogmáticas que comungam da pretensão de terem alcançado a verdade.
b) Duvida das coisas e dos estados das coisas.
c) Contesta o ser humano e sua visão de mundo.
d) Abandona o pensar e tem a dúvida acima de todas as coisas.
e) Compreende o estado das coisas e o porquê de suas circunstâncias.

37. A ideia principal do racionalismo cartesiano, desenvolvida no Discurso do Método, é "não aceitar jamais nenhuma coisa como verdadeira se não a conhecer evidentemente como tal (...) e não incluir nos meus juízos nada além daquilo que se apresentar tão claro e distintamente que não tenha ocasião de pô-lo em dúvida". Assim seria CORRETO afirmar que:
a) Enquanto persistir a dúvida, não se pode ter a certeza de sua verdade.
b) Havendo dúvida, haverá também a implicação da verdade única.
c) Em tudo que há dúvida significa que não pode ser verdadeiro.
d) A constituição do método cartesiano é, em si mesmo, duvidar nas coisas que estão claramente distintas.
e) Enquanto dúvidas existirem, mais forte se elabora a possibilidade de estarem erradas.

40. Será em Kant, na Critica da Razão Pura, que todos os elementos do idealismo alemão se apoiaram, como a coisa em si e a própria doutrina transcendental dos elementos. Da mesma forma que Hegel aceita a definição de sistema de Kant e inicia sua filosofia sistemática, o mesmo texto kantiano fornece fomento para pensadores antissistemáticos que contestarão a constituição de sistema em suas filosofias. A partir de quais elementos Kant proporcionou isso?
a) A estrutura do pensamento crítico não é unicamente sistemática;
b) A doutrina transcendental dos elementos, em sua estética transcendental, é o cerne da crítica aos sistemas;
c) A definição de coisa em si só poderá ser conhecida através do sistema;
d) A coisa em si, sendo indefinível, equiparou o sistema de Hegel e Kant;
e) Hegel consegue fundar sua ciência da lógica na continuidade de Kant.

41. Sobre a epistemologia kantiana, é CORRETO afirmar:
a) Desenvolve características próprias a partir das ideias que envolvem a lógica e a teoria do direito.
b) Conhecida como filosofia crítica, tem por base a metafísica dos costumes como doutrina central na compreensão das ideias.
c) É conhecida como criticismo pela particularidade do método e do conteúdo de sua teoria do conhecimento, exposta como filosofia transcendental.
d) Desenvolve uma teoria da ciência a partir da doutrina transcendental e do método do conhecer as coisas em si mesmas.
e) Conhecida como filosofia transcendental que tem por base o direito, a moral e a religião.

42. A verdadeira relação ética para Levinas não é a da união, mas sim da relação face a face. "Na relação interpessoal, não se trata de pensar conjuntamente o Eu e o Outro, mas de estar diante. A verdadeira união ou junção não é uma função de síntese, mas uma junção de frente a frente" (Levinas, 2000, p. 69). A partir do fragmento transcrito, é CORRETO afirmar:
a) O aspecto fenomenológico distingue a relação entre os homens.
b) Não há ética fora dos limites de um eu.
c) A alteridade é o único aspecto da proporção ética.
d) A alteridade é uma fenomenologia ética baseada em deduções.
e) A alteridade é o aspecto principal para a compreensão do eu e do outro.

43. Pode-se considerar que tipos de abordagens dentro da chamada ética da responsabilidade?
a) Ética ambiental, direito dos animais e ética das virtudes.
b) Filosofia moral, ambientalismo e vegetarianismo.
c) Deontologia, moralidade, sustentabilidade.
d) Direito dos animais, ética religiosa e ética ambiental.
e) Ética ambiental, ética religiosa e responsabilidade social.

44. "Eu pretendo arguir que uma mudança de paradigmas para o da teoria da comunicação tornará possível um retorno à tarefa que foi interrompida com a crítica da razão instrumental; e isto nos permitirá retornar as tarefas, desde então negligenciadas, de uma teoria crítica da sociedade" (HABERMAS, 1984, p. 386)
A que tipo de ética Habermas se refere em sua Teoria da ação comunicativa?
a) Uma ética da responsabilidade social na Alemanha pós-nazismo.
b) Uma ética das virtudes com base na responsabilidade com o planeta.
c) Uma ética do discurso em que a comunicação é seu principal aspecto.
d) Uma ética pública, sem qualquer ligação com a responsabilidade social.
e) Uma ética do discurso que envolve alteridade.

46. Do ponto de vista analítico, um argumento é, antes de tudo, composto:
a) de um lado, por um conjunto de enunciados aos quais damos os nomes de premissas, e do outro, por um enunciado chamado por nós de conclusão.
b) de enunciados iguais que permitem a dedução.
c) de um lado, por uma premissa verdadeira, e, do outro lado, por uma premissa falsa.
d) por um enunciado que chamamos de premissa e por outro enunciado que chamamos dedução derivada.
e) por enunciados que envolvem as premissas, as deduções derivas, os compostos e as conclusões.

47. Dentro da leitura de uma epistemologia contemporânea em diálogo com a tradição crítica, como poderemos entender este fragmento de Max Horkheimer?
"Existe hoje um acordo quase geral em torno da ideia de que a sociedade nada perdeu com o declínio do pensamento filosófico, pois um instrumento mais poderoso de conhecimento tomou seu lugar, a saber, o moderno pensamento científico."
a) A forma crítica de pensar ultrapassou a realidade filosófica em direção à ciência.
b) A sociedade perdeu sua estrutura de pensar a realidade e o próprio conhecer.
c) Existem interesses para a compreensão de que não é mais necessário pensar criticamente.
d) A sociedade desenvolveu uma estrutura de pensar fora de qualquer realidade científica.
e) Tanto a crítica quanto a sociedade estiveram à mercê da filosofia.

48. M. Schlick, igualmente a R. Carnap, toma a proposição 4.112 do Tractatus Logicus-philosophicus, de Wittgenstein, como um dos princípios do Círculo de Viena para se opor à metafísica:
"O propósito da filosofia é o esclarecimento lógico dos pensamentos. A filosofia não é uma teoria, mas uma atividade. Uma obra filosófica se compõe essencialmente de esclarecimentos. O resultado da filosofia não é a produção de proposições filosóficas, mas de tornar claras essas proposições". No que concerne à epistemologia do Círculo de Viena, é CORRETO afirmar:
a) O Círculo de Viena, a partir de Schlick, propõe uma filosofia científica de positivismo lógico.
b) O Círculo de Viena propõe, através de Schlick, um reconhecimento antimetafísico lógico em suas proposições.
c) Que o Círculo de Viena não é neopositivista porque estabelece como prioridade a crítica à metafísica por meio da lógica.
d) Que o Círculo de Viena eleva as proposições de Wittgenstein de uma lógica para uma lógica filosófica.
e) Que o Círculo de Viena, a partir de Schlick, evidencia a verdade lógica por meio de seu positivismo lógico.

50. Personagem central nas principais discussões epistemológicas, Karl Popper empreendeu pesquisas na área da filosofia da ciência que tornaram sua proposta reconhecida como racionalismo crítico. Nessa direção, é CORRETO afirmar que:
a) Não trabalhou o problema da indução, pois se interessou, sobretudo, pelo chamado método dedutivo.
b) Sua reflexão não teve ressonâncias nas ciências humanas e sociais; limitou-se mais ao campo da física e da lógica.
c) Na sua concepção, o critério de demarcação entre ciência e metafísica era a refutabilidade das teorias científicas.
d) Considerou que as teorias científicas podiam ser demonstradas como verdadeiras.
e) Explicou a relação mente/cérebro a partir da teoria dos dois mundos.

GABARITO:
21A
22D
23B
24C
25E
26C
27A
28E
29B
30D
31C
32E
33A
34D
35NULA
36A
37A
38NULA
39NULA
40A
41C
42E
43A
44C
45NULA
46A
47C
48A
49NULA
50C
     

 
 
Como referenciar: "Provas - Professor de Filosofia - IF - Paraíba - 2014" em Só Filosofia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 25/04/2024 às 02:34. Disponível na Internet em http://filosofia.com.br/vi_prova.php?id=162