Você está em Pratique > Provas
Provas de concursos e vestibular
(30/Mar) | Prova e Gabarito - Professor de Filosofia - Secretaria de Educação - Minas Gerais - Fundação Carlos Chagas - 2012 | |||
CONHECIMENTOS GERAIS
Língua Portuguesa Atenção: Para responder às questões de números 1 a 6, considere o texto seguinte. Texto I Os animais e a linguagem dos homens Essa mania que tem o homem de distribuir pela escala zoológica medidas de valor e índices de comportamento que, na escala humana, sim, é que podem ser aferidos com justeza! Por que chamamos de zebra a uma pessoa estúpida, que não tem as qualidades da zebra? Esta sabe muito bem defender-se dos perigos pela vista, pelo olfato e pela velocidade, sem esquecer a graça mimética de suas listas, úteis para a dissimulação entre folhas. Se ela não é dócil às ordens do treinador, se não aprende o que este quer ensinar-lhe, tem suas razões. É um ensino que não lhe convém e que a humilha em sua espontaneidade. Repele a escravidão, que torna lamentáveis os mais belos e inteligentes animais de circo, tão superiores a seus donos. Gosto muito de La Fontaine*, não nego; a graça de seus versos vende as fábulas, que são entretanto uma injúria revoltante à natureza dos animais, acusados de todos os defeitos humanos. O moralista procura corrigir falhas características de nossa espécie, atribuindo-as a bichos que, não sabendo ler, escrever ou falar as línguas literárias, não têm como defender-se, repelindo falsas imputações. O peru, o burro, a toupeira, a cobra, o ouriço e toda a multidão de seres supostamente irracionais, mas acusados de todos os vícios da razão humana, teriam muito que retrucar, se lhes fosse concedida a palavra num sistema verdadeiramente representativo, ainda por ser inventado. Sem aprofundar a matéria, inclino-me a crer que o nosso conhecimento dos animais é bem menos preciso do que o conhecimento que eles têm de nós. Não é à toa que nos temem e procuram sempre manter distância ou mesmo botar sebo nas canelas (ou asas ou barbatanas ou ...) quando o bicho-homem se aproxima. Muitas vezes nosso desejo de comunicação e até de repartir carinho lhes cheira muito mal. A memória milenar adverte-lhes que com gente não se brinca. Homens e mulheres que sentem piedade pelos animais, e até amor, constituem uma santa minoria, e eles salvarão a Terra. Mas será que os outros, a volumosa maioria, os caçadores, os torturadores, os mercadores de vidas, vão deixar? * La Fontaine - fabulista francês do século XVII. (Carlos Drummond de Andrade. Moça deitada na grama. Rio de Janeiro: Record, 1987, pp. 139-141, crônica transcrita com adaptações) 1. Identifica-se corretamente no texto (A) justificativa em torno da necessidade de aplicar lições de moral a pessoas que desrespeitam a ética, por meio de animais que simbolizam defeitos humanos. (B) crítica a respeito da pouca dedicação dos homens aos animais, mesmo reconhecendo as falhas e defeitos ligados à irracionalidade dos bichos. (C) inclinação do autor em defesa dos animais, aos quais certo hábito humano tende a atribuir defeitos do próprio homem. (D) reconhecimento do valor moral embutido nas fábulas em que, por meio de animais, os escritores antigos recriminavam os maus costumes dos homens. 2. Se ela não é dócil às ordens do treinador, se não aprende o que este quer ensinar-lhe, tem suas razões. É um ensino que não lhe convém e que a humilha em sua espontaneidade. Repele a escravidão, que torna lamentáveis os mais belos e inteligentes animais de circo, tão superiores a seus donos. (2o parágrafo) É correto perceber o segmento transcrito acima como (A) proposição de confronto entre uma visão pessoal a respeito de determinado comportamento animal e uma realidade inteiramente oposta. (B) articulação entre a finalidade de determinada situação e sua justificativa imediata, encaminhada para uma hipótese provável. (C) raciocínio dedutivo, com base em articuladores que estabelecem relações entre hipóteses, explicações e conclusão coerente. (D) decorrência da apresentação de fatos, relacionados por elementos que exprimem as causas e as consequências desses mesmos fatos. 3. ...e toda a multidão de seres supostamente irracionais, mas acusados de todos os vícios da razão humana... (3º parágrafo) A afirmativa acima aponta para (A) censura evidente a todos os vícios da razão humana, em consonância com os escritores moralistas que, desde tempos mais remotos, objetivavam incentivar o comportamento ético entre os homens. (B) ironia do autor, decorrente da aproximação das expressões seres supostamente irracionais e os vícios da razão humana, realçada pelo emprego de conjunção adversativa. (C) exagero intencional do autor, ao empregar o coletivo multidão, embora as fábulas tragam como exemplos apenas alguns poucos animais, vistos como seres supostamente irracionais. (D) incoerência, ainda que intencional, decorrente do emprego de expressões cujo sentido é claramente antagônico, ou seja, associação entre seres irracionais e razão humana. 4. Muitas vezes nosso desejo de comunicação e até de repartir carinho lhes cheira muito mal. A memória milenar adverte-lhes que com gente não se brinca. (último parágrafo) O trecho acima está expresso com outras palavras, mantendo-se a lógica e, em linhas gerais, o sentido original, em: (A) Os animais receiam até mesmo nossas demonstrações de afeto porque sabem, por instinto, que não devem confiar nas pessoas. (B) Todos os animais desejam, por isso mesmo, receber demonstrações de afeto, porém se lembram dos maus-tratos que às vezes acontecem. (C) A comunicação entre homens e animais nem sempre se realiza, pois que eles temem essas atitudes, muitas vezes desagradáveis. (D) Desde o início dos tempos, a comunicação entre homens e animais ofereceu problemas nesse relacionamento, que os afasta, com desconfiança. 5. ...e procuram sempre manter distância ou mesmo botar sebo nas canelas (ou asas ou barbatanas ou...) quando o bicho-homem se aproxima. (último parágrafo) No segmento grifado, o autor (A) acaba por suprimir informações mais específicas no contexto, ao atribuir atitudes humanas aos animais em possível risco de vida. (B) se utiliza de expressões típicas da fala, intenção realçada pelo uso dos parênteses, mas que não são condizentes com a finalidade literária do texto. (C) ironiza a tendência humana de desprezar o conhecimento dos hábitos dos animais quando estes se sentem ameaçados. (D) usa em relação aos animais uma expressão coloquial geralmente associada ao comportamento humano, com efeito humorístico. 6. Considere o que está sendo afirmado com base em cada um dos segmentos abaixo. Está correto o que consta em: (A) Por que chamamos de zebra a uma pessoa estúpida, que não tem as qualidades da zebra? Esta sabe muito bem defender-se dos perigos pela vista, pelo olfato e pela velocidade, sem esquecer a graça mimética de suas listas, úteis para a dissimulação entre folhas. O emprego do pronome demonstrativo Esta, em substituição à palavra zebra, garante a continuidade lógica e coerente do desenvolvimento. (B) Gosto muito de La Fontaine, não nego; a graça de seus versos vende as fábulas, que são entretanto uma injúria revoltante à natureza dos animais, acusados de todos os defeitos humanos. O emprego do pronome possessivo seus com o substantivo versos, no plural, cria ambiguidade no contexto, marcada ainda pela forma verbal vende, no singular. (C) O moralista procura corrigir falhas características de nossa espécie, atribuindo-as a bichos que, não sabendo ler, escrever ou falar as línguas literárias, não têm como defender-se, repelindo falsas imputações. O pronome relativo que tem por referente, no contexto, o substantivo moralista. (D) O peru, o burro, a toupeira, a cobra, o ouriço e toda a multidão de seres supostamente irracionais, mas acusados de todos os vícios da razão humana, teriam muito que retrucar, se lhes fosse concedida a palavra num sistema verdadeiramente representativo, ainda por ser inventado. No lugar do pronome pessoal oblíquo lhes poderia ter sido empregada a forma os, porque substitui a expressão todos os vícios da razão humana. Atenção: Para responder às questões de números 7 a 10, considere o Texto I e também os textos seguintes. Texto II FÁBULA - Foi entre os antigos uma espécie de forma quase sempre em verso. A partir do romantismo a prosa começou a ser sua forma mais comum. A fábula, de um modo geral, apresenta duas características: a) Ter por assunto a vida dos animais. b) Ter por finalidade uma lição de moral. (Hênio Tavares. Teoria Literária. Belo Horizonte: Bernardo Álvares, 1969, p. 132) Texto III Presos 6 em operação contra venda de animais na web - Seis pessoas foram presas hoje, durante uma operação da Polícia Federal para desarticular uma quadrilha que vende animais silvestres e exóticos, sem autorização, pela internet. A ação, batizada de Arapongas, feita em conjunto com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama), foi deflagrada nos Estados do Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Ceará e Paraíba. Os animais eram vendidos por meio de um site para diversos estados do país e do exterior. Os investigados recebiam encomendas de todo tipo de animais, como répteis, anfíbios, mamíferos e pássaros - algumas espécies até mesmo em extinção. Esses animais seriam obtidos por meio ilícito, como criadouros irregulares e captura na natureza. Além das prisões, foram cumpridos 25 mandados de busca e apreensão. Os investigados responderão pelos crimes de tráfico internacional de fauna, tráfico de animais silvestres nativos, estelionato, sonegação fiscal, falsidade ideológica e biopirataria. (http: www.estadao.com.br/notícias/geral. Acesso 14/08/2011) 7. Considerando-se os três textos, a afirmativa correta é: (A) Os Textos II e III, informativos, mantêm pouca relação de sentido com o Texto I, cujo desenvolvimento se restringe à intenção estético-literária. (B) Com base nas informações trazidas pelo Texto II, é correto incluir o Texto I entre as fábulas, ainda que tenha sido adotada a forma em prosa por seu autor. (C) O Texto II tem função estritamente instrucional, como suporte para a elaboração de textos de diferentes gêneros, como, por exemplo, os Textos I e III. (D) O Texto I é marcadamente opinativo, com defesa de ponto de vista pessoal, enquanto o Texto III é somente informativo, ou seja, apresenta fatos. 8. Considerando-se o teor do Texto III, é correto afirmar: (A) A informação apresentada pode ser entendida como fato que justifica plenamente a dúvida expressa pela interrogação final constante do Texto I. (B) A operação deflagrada pela polícia atesta que a intenção moral embutida nas fábulas, como se lê no Texto II, costuma surtir o efeito desejado. (C) Denúncias recebidas pela internet acentuam o alcance dos recursos tecnológicos utilizados pela polícia na repressão ao crime organizado. (D) O comércio irregular de animais compromete atualmente a aceitação do valor moralizante das fábulas, por desconsiderar as características de cada espécie. 9. É correto afirmar que os Textos I e III (A) se constroem a partir de uma mesma finalidade, já que os autores se dirigem diretamente ao interlocutor, com intenção moralizante. (B) se aproximam por terem como assunto a relação entre o homem e os animais, embora se trate de gêneros distintos, com distinta finalidade. (C) apresentam estrutura idêntica, sustentada por um mesmo assunto, com a finalidade de coibir abusos contra os animais. (D) são divergentes, a considerar-se o teor de cada um deles: o Texto I com certa crítica ao comportamento dos animais e o Texto III, em sua defesa. 10. Esses animais seriam obtidos por meio ilícito, como criadouros irregulares e captura na natureza. (Texto III) É correto depreender da afirmativa acima, especialmente em relação ao emprego da forma verbal, (A) afirmativa concreta, em razão das informações confirmadas pela deflagração da operação policial. (B) fato habitual, que se estende de maneira constante e repetitiva por um tempo relativamente longo. (C) hipótese provável, a considerar-se a ausência de dados conclusivos até aquele momento. (D) constatação imediata, a partir das evidências a respeito do comércio irregular de animais. CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS 21. Nas reflexões filosóficas sobre a relação milenar entre natureza e cultura desenvolvidas desde a antiguidade até a modernidade, (A) predominou desde sempre a concepção de que o homem era dominador e a natureza, dominada. (B) predominou desde sempre a concepção de que a natureza era dominadora em relação ao homem, frágil e impotente. (C) houve uma alteração substancial: se na antiguidade a natureza era considerada ameaçadora, na modernidade ela passou a ser considerada frágil e ameaçada. (D) predominou ao longo dos séculos uma visão de que o homem sempre manteve uma relação equilibrada em relação à natureza. 22. O mito de Prometeu é uma das imagens mais ricas já inventadas para diferenciar o homem dos demais seres vivos. Nesse mito, o (A) fogo roubado, entregue aos homens, representa o início da corrupção e do vício humanos. (B) homem é representado como poderoso e invencível em relação aos deuses, que nada podem fazer para deter o progresso humano. (C) principal deus do Olimpo, Zeus, se compadece com a fraqueza humana e doa aos homens a razão e a técnica. (D) roubo do fogo indica o início da cultura humana, na medida em que representa a aquisição do saber técnico. Atenção: O texto abaixo refere-se às questões de números 23 e 24. O fato mais marcante da vida humana é que temos valores. Pensamos em modos pelos quais as coisas poderiam ser melhores e mais perfeitas e, portanto, diferentes do que são e também em modos como nós mesmos poderíamos ser melhores, e, portanto, diferentes do que somos. Por que é assim? De onde tiramos estas ideias que vão além do mundo que experimentamos e parecem colocá-lo em questão, julgando-o, dizendo que ele não é satisfatório, que ele não é o que deveria ser? Claramente não as tiramos da experiência, pelo menos não de uma maneira simples. E é intrigante também que estas ideias de um mundo diferente do nosso nos conclamam, dizendo-nos como as coisas deveriam ser e que nós deveríamos torná-las assim. (KORSGAARD, Christine. The Sources of normativity. Cambridge University Press, 1996, p. 1. ? Tradução de Telma Birchal, citado nas Orientações Pedagógicas para o Ensino Médio em Filosofia, em http://crv.educacao.mg.gov.br) 23. O texto acima se refere a uma das questões mais antigas da história da filosofia, a saber, à relação entre (A) corpo e alma. (B) natureza e moralidade. (C) ser e não ser. (D) mortalidade e imortalidade. 24. Tendo em vista a dificuldade dos alunos do Ensino Médio em compreender os temas próprios da filosofia, o tema exposto no texto acima poderia ser abordado, por exemplo, por meio (A) de um longo exercício de memorização de todas as relações e diferenças referentes ao assunto. (B) da leitura de textos filosóficos estritamente técnicos, como artigos sobre a Crítica da Razão Pura de Kant e sobre a Fenomenologia do Espírito de Hegel. (C) do levantamento do conhecimento prévio dos próprios alunos acerca de algum movimento social de protesto ou de lutas por alguma causa. (D) de um rigoroso exercício de lógica, no qual os alunos aprenderiam a identificar as diferenças e relações entre uma coisa e outra analisando os termos das sentenças. Atenção: O texto abaixo refere-se às questões de números 25 e 26. Em todo sistema de moral que até hoje encontrei, sempre notei que o autor segue durante algum tempo o modo comum de raciocinar, estabelecendo a existência de Deus, ou fazendo observações a respeito dos assuntos humanos, quando, de repente, surpreendo-me ao ver que, em vez das cópulas proposicionais usuais, como é e não é, não encontro uma só proposição que não esteja conectada a outra por um deve ou não deve. Essa mudança é imperceptível, porém da maior importância. Pois como esse deve ou não deve expressa uma nova relação ou afirmação, esta precisaria ser notada e explicada; ao mesmo tempo, seria preciso que se desse uma razão para algo que parece totalmente inconcebível, ou seja, como essa nova relação pode ser deduzida de outras inteiramente diferentes. (HUME, David. Tratado da Natureza Humana. Tradução de Débora Danowiski. Livro III, Parte I, Seção II. São Paulo, Editora UNESP, 2000, p. 509, citado nas Orientações Pedagógicas para o Ensino Médio em Filosofia, em http://crv. educacao.mg.gov.br) 25. Nesse texto, Hume afirma que (A) os autores dão um salto na argumentação, passando sem explicações do plano do ser para o plano do dever ser. (B) os autores dos sistemas de moral cometem um erro linguístico ao escrever é ou não é onde o correto é escrever deve ou não deve. (C) todos os sistemas de moral da história da filosofia buscaram provar a existência de Deus. (D) os sistemas de moral desenvolvem argumentos consistentes ao operar o salto argumentativo do plano do ser ao plano do dever ser. 26. De acordo com o que se pode deduzir não apenas da passagem de Hume citada acima, mas de sua filosofia como um todo, está correto afirmar que, para ele, (A) o plano dos fatos não difere do plano dos valores, de modo que um fato sempre traz em si um juízo de valor e vice-versa, um juízo de valor sempre expressa o modo como as coisas são. (B) as verdades fatuais e descritivas, que tratam das coisas como elas são, diferem muito das verdades valorativas ou prescritivas, que tratam das coisas como elas devem ser. (C) os valores, que se referem ao plano da moral, se fundamentam inteiramente no plano dos fatos e são determinados por eles, o que caracteriza como realista o pensamento de Hume sobre a moral. (D) os fatos, que se referem ao plano das coisas, se fundamentam inteiramente no plano dos valores, o que caracteriza como idealista o pensamento de Hume sobre a moral. 27. Segundo a Proposta Curricular do Ensino Médio para Filosofia (cf. p. 7), o ensino dessa disciplina nos séculos XX e XXI deve ir na contramão do modelo positivista tão disseminado na cultura brasileira principalmente na década de 1960. Segundo o texto, ensinar filosofia, no final do século XX e começos do século XXI, passa a significar formação crítica e torna-se um elemento decisivo na redescoberta da educação para a cidadania ... . Para isso, o texto propõe que o ensino da filosofia deve ser realizado de forma a (A) buscar seu sentido original de paideia e a se renovar com a pesquisa em História da Filosofia. (B) auxiliar os alunos a entrarem para o mercado de trabalho. (C) concorrer com as demais disciplinas do currículo escolar em termos de utilidade e tecnicidade. (D) encaixar o aluno naquela figura do filósofo descrita por Aristóteles na Metafísica, de um indivíduo totalmente desinteressado e que estaria acima dos desejos e necessidades humanos. 28. As Orientações Curriculares para o Ensino de Filosofia chamam a atenção para o "papel peculiar da filosofia no desenvolvimento da competência geral da fala, leitura e escrita" (p. 26), que estão profundamente vinculadas à natureza argumentativa da disciplina e contribuem para o desenvolvimento de um pensamento autônomo e crítico. Para desenvolver essas competências de uma maneira especificamente filosófica, é preciso lembrar que o diferencial do ensino da disciplina Filosofia está em sua referência à História da Filosofia ou, em outras palavras, à tradição filosófica. Segundo indica este texto, a História da Filosofia seria importante no currículo do Ensino Médio porque (A) é um elemento diferencial para se considerar a inserção dos alunos no mercado de trabalho. (B) ajuda aqueles que pretendem seguir a carreira de historiadores da filosofia. (C) colabora na formação de futuros oradores e políticos, na medida em que está vinculada à natureza argumentativa da disciplina. (D) contribui de maneira diferenciada para o desenvolvimento de um pensamento autônomo e crítico. 29. No campo da filosofia moral, estabeleceu-se ao longo da história uma discussão entre os defensores do relativismo e os defensores do universalismo, os primeiros defendendo que as leis morais possuem sua origem nos costumes e os segundos defendendo que elas possuem uma validade atemporal. Nessa discussão, a moral de Kant (A) se encaixa na vertente universalista, pois o imperativo categórico deve valer absolutamente para todos, independentemente do lugar e dos costumes. (B) se encaixa na vertente relativista, pois o imperativo categórico vale apenas para o indivíduo considerado em sua cultura e dentro dos seus costumes. (C) não se encaixa em nenhuma das vertentes, já que a sua moral propõe um modelo que escapa tanto do universalismo quanto do relativismo. (D) se encaixa em ambas as vertentes, já que a sua moral tenta conciliar o universalismo com o relativismo. 30. No que se refere ao ensino do tema universalismo versus relativismo moral, o professor de filosofia deve apresentar a discussão procedendo a uma (A) defesa apaixonada do relativismo, procurando mostrar como apenas essa posição pode ser verdadeira. (B) discussão em sala de aula entre os alunos, de modo que eles percebam por si próprios as diferenças entre uma coisa e outra. (C) defesa apaixonada do universalismo, procurando mostrar como apenas essa posição pode ser verdadeira. (D) argumentação segundo a qual tanto o universalismo quanto o relativismo são destituídos de verdade, dado que não podem provar os seus argumentos. Atenção: O texto abaixo refere-se às questões de números 31 e 32. Vou contar-te um caso dramático. Já ouviste falar das térmitas, essas formigas brancas que, em África, constróem formigueiros impressionantes, com vários metros de altura e duros como pedra? Uma vez que o corpo das térmitas é mole [...] o formigueiro serve-lhes de carapaça colectiva contra certas formigas inimigas, mais bem armadas do que elas. Mas por vezes um dos formigueiros é derrubado, por causa de uma cheia ou de um elefante [...]. A seguir, as térmitas-operário começam a trabalhar para reconstruir a fortaleza afectada, e fazem-no com toda a pressa. Entretanto, já as grandes formigas inimigas se lançam ao assalto. As térmitas-soldado saem em defesa da sua tribo e tentam deter as inimigas. [...] As operárias trabalham com toda a velocidade e esforçam-se por fechar de novo a termiteira derrubada... mas fecham-na deixando de fora as pobres e heróicas térmitas-soldado, que sacrificam as suas vidas pela segurança das restantes formigas. Não merecerão estas formigas-soldado pelo menos uma medalha? [...] Mudo agora de cenário, mas não de assunto. Na Ilíada, Homero conta a história de Heitor, o melhor guerreiro de Tróia, que espera a pé firme fora das muralhas da sua cidade Aquiles, o enfurecido campeão dos Aqueus, embora sabendo que Aquiles é mais forte do que ele e que vai provavelmente matá-lo. Fá-lo para cumprir o seu dever, que consiste em defender a família e os concidadãos do terrível assaltante. Ninguém tem dúvidas: Heitor é um herói, um Homem valente como deve ser. Mas será Heitor heróico e valente da mesma maneira que as térmitas-soldado [...]? Não faz Heitor, afinal de contas, a mesma coisa que qualquer uma das térmitas anónimas? [...] Qual é a diferença entre um e outro caso? (SAVATER, Fernando. Ética para um Jovem, 1990, in: http://www.didacticaeditora.pt/arte_de_pensar/cap4.html) 31. Qual resposta abaixo seria mais apropriada para a pergunta feita pelo autor ao final do texto? (A) A situação das formigas é completamente diferente da de Heitor porque as formigas podem escolher morrer, enquanto não resta nenhuma escolha para o herói. (B) Não há diferença entre a formiga e Heitor, já que ambos acabam morrendo. (C) Enquanto as formigas-soldado ficam para fora do formigueiro por um acidente, Heitor é instintivamente obrigado a defender seu povo contra o ataque do inimigo. (D) Enquanto a formiga age instintivamente, não morrendo por escolha, Heitor age livremente, escolhendo a morte. 32. De forma resumida, está correto afirmar que o tema central do texto é a relação entre (A) corpo e alma. (B) liberdade e determinismo. (C) realismo e idealismo. (D) ato e potência. 33. O canto gregoriano, a música de Bach, as telas de Hieronymus Bosch e Pieter Bruegel, a catedral gótica, a Divina Comédia, todas estas obras são expressões de um mundo que vivia a vida temporal sob a luz e as trevas da eternidade. O universo físico se estruturava em torno do drama da alma humana. (Alves, Rubem. O que é religião? São Paulo: Brasiliense, 1981, p. 8) Ao relacionar todas essas obras de arte acima com aquilo que se poderia chamar de essência da religião, Rubem Alves se aproxima muito de um conceito bastante conhecido da filosofia da arte, a saber, o conceito (A) da beleza como ideia, de Hegel. (B) de juízo de gosto, de Kant. (C) de estética, de Baumgarten. (D) de aura da obra de arte, de Walter Benjamin. 34. Uma das distinções mais essenciais da filosofia política é aquela entre o público e o privado. Segundo as Orientações Pedagógicas/MG, intuitivamente, essa diferença parece ser facilmente estabelecida, mas nem sempre é assim em nossas relações sociais e políticas. Muitas vezes não vemos com clareza a linha que divide um domínio do outro. Essa confusão entre o público e o privado pode ser vista concretamente no nosso dia a dia, por exemplo, I. na prática da corrupção em geral. II. na exposição da vida íntima de uma celebridade. III. na depredação de prédios e instalações de uso coletivo. IV. no investimento do dinheiro público em obras de saneamento e infraestrutura. Está correto o apresentado em (A) I, II e III, apenas. (B) I e III, apenas. (C) I, II, III e IV. (D) II e IV, apenas. 35. Um dos desafios do professor ao ensinar filosofia política ao aluno do Ensino Médio é (A) levar o aluno a compreender todas as teorias políticas mais importantes em seus mínimos detalhes. (B) formar o aluno para que ele possa se tornar no futuro um político capaz de desempenhar suas funções públicas com sucesso. (C) procurar desfazer os preconceitos do aluno em relação à política e à figura do político em geral. (D) fazer com que o aluno se desinteresse ao máximo da política e se concentre apenas em sua formação individual. 36. Quando, em seu Do espírito das leis (livro I, capítulo 1), Montesquieu afirma que a lei é também relação e que resulta da "natureza das coisas", o filósofo quer dizer que a lei (A) não possui validade universal para todos os cidadãos, mas, pelo contrário, é apenas individual. (B) não é arbitrária na medida em que mantém uma estreita relação com os costumes do povo. (C) é absolutamente universal e, nessa medida, é válida para todos os povos. (D) é inteiramente arbitrária na medida em que é criada unicamente pelo rei. 37. Do mito das raças, Hesíodo tira um ensinamento que dirige mais especialmente ao seu irmão Perses, um pobre tipo, mas que vale também para os grandes da terra, para aqueles cuja função é regulamentar as querelas por arbitragem, para os reis. Hesíodo resume este ensinamento na seguinte fórmula: escuta a justiça, Dike, não deixes aumentar a desmedida, Hybris. (VERNANT, Jean-Pierre. Mito e pensamento entre os gregos. Edusp, 1973, p. 11) Na passagem acima, Vernant vê no mito uma clara relação com a (A) metafísica. (B) religião. (C) ciência. (D) política. 38. Ao longo da história da filosofia, uma das discussões mais ricas e complexas é aquela a respeito da relação liberdade e determinismo. De acordo com as Orientações Pedagógicas para o Ensino da Filosofia/MG, a forma mais adequada de se mostrar ao aluno como essa relação pode ser pensada no seio da vida cotidiana é (A) levantar fatos do cotidiano (colhidos por exemplo, de jornais ou revistas) e discutir em que medida neles as ações humanas são livres ou não. (B) distribuir aos alunos textos de filósofos e artigos especializados sobre o tema e exigir deles um fichamento. (C) realizar um intenso trabalho de memorização de trechos de obras de filósofos consagrados. (D) expor e resumir oralmente aos alunos os textos mais importantes de filósofos consagrados. 39. Descartes se destaca na história do dualismo porque foi o primeiro filósofo a (A) indicar que as ideias são sempre provenientes da experiência. (B) afirmar que a alma é de natureza distinta da do corpo. (C) mostrar como as paixões são originadas exclusivamente a partir da mente, sem nenhuma conexão com o corpo. (D) identificar claramente a mente com a consciência e a distingui-la de sua sede corporal, o cérebro. 40. Um dos argumentos principais a favor do fisicalismo refere-se à conexão causal entre estados cerebrais e estados mentais. Esse nexo causal é empiricamente verificável quando se evidencia que a eliminação ou alteração de uma etapa sequer na sequência de transmissão dos impulsos nervosos é suficiente para modificar o estado mental. Isso leva à consideração de que tudo o que acontece na nossa consciência depende do que acontece no nosso corpo. O estado consciente seria assim o resultado de uma certa configuração cerebral. A dor que sentimos, por exemplo, no dedo do pé quando topamos numa pedra, se reduz, em última instância, às alterações químicas e elétricas nas células nervosas que compõem o nosso cérebro, estimuladas pelos impulsos transmitidos pelos nervos do nosso pé ao cérebro. (LEITE, P. Orientação pedagógica: a posição monista) De acordo com o texto, um argumento que o fisicalismo utiliza a favor da tese de que a mente é redutível ao corpo é a evidência experimental de que (A) pensamentos positivos auxiliam muitas vezes no processo de cura de doenças graves. (B) o bem-estar psíquico de uma pessoa é principalmente obtido através da boa alimentação e da prática regular de atividade física. (C) as sensações, como a dor, por exemplo, são resultados de alterações físicas de nosso corpo. (D) todos os pensamentos de uma pessoa podem ser codificados por uma análise físico-química de seu cérebro. 41. Há já algum tempo eu me apercebi de que, desde os meus primeiros anos, recebera muitas falsas opiniões como verdadeiras, e de que aquilo que depois eu fundei em princípios tão mal assegurados não podia ser senão mui duvidoso e incerto; de modo que me era necessário tentar seriamente, uma vez em minha vida, desfazer-me de todas as opiniões a que até então dera crédito, e começar tudo novamente desde os fundamentos, se quisesse estabelecer algo de firme e de constante nas ciências. (DESCARTES, René. Meditações metafísicas) Para Descartes, a ciência só pode se tornar firme e constante se (A) as suas conclusões forem inferidas a partir de uma base ampla de experimentos. (B) os conhecimentos que a compõem forem fundamentados em princípios verdadeiros. (C) os seus princípios forem avaliados periodicamente pelos cientistas. (D) a sua constituição for motivada por uma atitude cética. 42. [...] todo o poder criativo da mente se reduz a nada mais do que a faculdade de compor, transpor, aumentar ou diminuir os materiais que nos fornecem os sentidos e a experiência. Quando pensamos em uma montanha de ouro, não fazemos mais do que juntar duas ideias consistentes, ouro e montanha, que já conhecíamos. Podemos conceber um cavalo virtuoso; porque somos capazes de conceber a virtude a partir de nossos próprios sentimentos; e podemos unir a isso a figura e a forma de um cavalo, animal que nos é familiar. Em resumo, todos os materiais do pensamento derivam ou do nosso sentimento exterior ou do interior: a mistura e a composição de ambos dizem respeito à mente ou à vontade. Ou seja, para me expressar em linguagem filosófica, todas as nossas ideias, percepções mais débeis, são cópias de nossas impressões, mais vívidas. (HUME, David. Investigação sobre o entendimento humano, citado por FENATI, R. Orientação pedagógica: o problema da verdade). A partir do texto, está correto afirmar que, para Hume, (A) os conteúdos das ideias que estão na nossa mente são provenientes das impressões sensoriais. (B) as quimeras, como a montanha de ouro e o cavalo virtuoso, mostram como a mente é capaz de produzir ideias que não têm nenhuma relação com a experiência. (C) a mente, por ser presa à experiência sensorial, não tem nenhum poder sobre as suas ideias ou concepções. (D) o papel da mente na constituição do conhecimento é nulo. 43. Ora, está longe de ser óbvio, de um ponto de vista lógico, haver justificativa no inferir enunciados universais de enunciados singulares, independentemente de quão numerosos sejam estes; com efeito, qualquer conclusão colhida deste modo sempre pode revelar-se falsa: independentemente de quantos casos de cisnes brancos possamos observar, isso não justifica a conclusão de que todos os cisnes são brancos. (POPPER, Karl. A lógica da pesquisa científica. São Paulo: Cultrix/Edusp, 1975, p. 27-8, citado por FENATI, R. Orientação pedagógica: o problema da objetividade) No texto, Popper defende que (A) a observação empírica não conduz a conhecimentos científicos. (B) as conclusões alcançadas pelo conhecimento científico são perenes, devido ao grande número de casos que as fundamentam. (C) a indução a partir de dados da experiência não pode jamais dar origem a um enunciado universal. (D) as conclusões às quais o conhecimento científico chega são falsas. 44. A objetividade, de maneira geral, se define como (A) a liberdade que cada indivíduo possui de emitir a sua opinião, independentemente de seu credo e origem social. (B) o referencial que permite uma escolha racional entre explicações distintas a propósito de um objeto dado. (C) a interferência de valores na constituição do conhecimento científico. (D) o assentimento exclusivo ao que as autoridades afirmam ser verdadeiro. 45. As Orientações Pedagógicas/MG sugerem como estratégia na iniciação ao problema da verdade e da objetividade o levantamento de uma discussão sobre algum tema, como o aborto e globalização, por exemplo. O professor deve, então, fazer com que os alunos, ao se depararem com a pluralidade de opiniões, (A) mantenham uma postura democrática e tolerante, aceitando a pluralidade de opiniões, sem questionálas. (B) percebam que toda discussão é inútil, já que cada um pensa algo diferente dos demais. (C) mantenham as suas posições e tenham convicção no que eles pensam, não se deixando convencer pelos demais. (D) procurem fundamentar as suas posições e tomem consciência do problema do critério que deve justificar as afirmações. 46. Segundo as Orientações Pedagógicas/MG concernentes ao problema da indução, a principal diferença entre a inferência indutiva e a dedutiva é que, enquanto a indução (A) produz uma conclusão que extrapola o que está contido nas premissas, ampliando o conhecimento, a dedução produz uma conclusão que apenas explicita o que estava contido nas premissas. (B) trabalha sempre com relações de ideias, a dedução apenas lida com fatos obtidos da experiência. (C) é um procedimento exclusivo do senso comum, que se atém apenas ao que a experiência mostra, a dedução é o procedimento que propriamente caracteriza a ciência, que sempre produz conhecimentos necessários e universais. (D) chega a conclusões tautológicas, apenas repetindo o conteúdo do que já era conhecido, a dedução produz conhecimentos inéditos. 47. As Orientações Pedagógicas/MG sugerem, relativamente ao problema da indução, que o professor levante para os seus alunos as seguintes questões: Pode existir experiência sem teoria? Todo conhecimento provém da experiência? Os fatos científicos são simplesmente constatados? Em que condições uma experiência é científica? A teoria pode prescindir da experiência? Pode-se ter razão contra os fatos? A experiência pode confirmar uma ideia falsa? De maneira geral, o objetivo destas perguntas é o de estimular os alunos a refletirem sobre (A) a influência das ciências nas escolhas individuais. (B) a interferência da experiência pessoal no desenvolvimento das ciências. (C) o quanto as ciências e as suas inovações tecnológicas facilitam a vida das pessoas, tornando as tarefas do cotidiano mais cômodas. (D) a relação do conhecimento científico com o seu método e a ideologia da neutralidade da ciência. 48. Um aspecto importante a ser percebido é o fato de a ciência não só estar amplamente presente na nossa vida cotidiana, como a sua presença tem um sinal bastante específico: ela aparece como sendo a forma de conhecimento, isto é, a forma de decifração do mundo por excelência. A ciência tal como é concebida por muitas pessoas e tal como é concebida a partir de pelo menos uma posição filosófica - o positivismo - parece colidir e não coexistir com outras formas de conhecimento, parece relativizá-las e mesmo invalidá-las. (LEITE, P. Orientação Pedagógica: Teoria e Experiência I: Introdução) No texto, a autora argumenta que a (A) concepção segundo a qual a ciência constitui a única forma possível de conhecimento verdadeiro vigorou em toda a história da humanidade. (B) concepção de muitos segundo a qual a ciência é a forma de conhecimento objetivo por excelência enraíza-se no positivismo. (C) ciência produz conhecimentos cuja validade se restringe apenas à comunidade científica. (D) ciência surgiu somente com o positivismo, corrente filosófica do século XIX. 49. Com o advento da Idade Moderna, começam a ocorrer mudanças, como: I. A técnica passa a se vincular à ciência. II. A filosofia começa a perder a primazia para a ciência. III. A matemática passa a ser mais valorizada em detrimento da lógica. IV. A teologia começa a se tornar o principal objeto de estudos. V. A física passa a investigar as finalidades internas a cada ser natural. Está correto o que se afirma APENAS em (A) II e IV. (B) I, II e III. (C) IV e V. (D) I e V. 50. Para Aristóteles, o que diferencia a tékhne (arte, técnica) e os conhecimentos práticos (política e moral)? (A) A tékhne é superior à política e à moral porque é mais útil. (B) A política e a moral são conhecimentos, ao passo que a tékhne não é um saber, já que não pode ser nem aprendida e nem ensinada. (C) Enquanto a política e a moral têm como objeto o próprio agente do saber, o escopo da tékhne está em algo exterior ao agente. (D) Enquanto a política e a moral não podem constituir objetos de teoria, a tékhne pode. 51. Um dos objetivos listados nas Orientações Pedagógicas/MG para o ensino da mitologia grega e de sua relação com a filosofia é o de que os alunos compreendam como a (A) filosofia é interpretação da cultura. (B) mitologia se opõe radicalmente à filosofia. (C) mitologia é construída por um discurso lógico rigoroso. (D) cultura grega se constituiu como a forma mais elevada de cultura. 52. Nas Orientações Pedagógicas/MG concernentes à relação entre mito e logos, Platão é assinalado como um filósofo que o professor deve contemplar na sua aula. Isto porque, no pensamento de Platão, (A) o mito é completamente ausente, já que o filósofo contrapunha ao mito o discurso demonstrativo, o único que pode lograr alcançar as verdades universais e necessárias. (B) há uma imbricação entre discurso demonstrativo e mítico, uma vez que o filósofo utilizava o mito como recurso para tratar de certas questões. (C) há uma análise profunda e detalhada de toda a mitologia grega, razão pela qual os seus escritos constituem a principal fonte de conhecimento desta. (D) o mito é reconhecido como precursor da atitude filosófica, ainda que o filósofo acabe por excluí-lo de seu discurso. 53. Na apresentação do surgimento da filosofia, deve-se chamar a atenção dos alunos para o fato de que este surgimento (A) foi algo completamente espontâneo e natural, não trazendo novidade alguma em relação à cultura grega de então. (B) instaurou uma ruptura completa com a cultura de onde proveio, podendo ser descrito como milagroso. (C) foi um processo social e cultural que dependeu de circunstâncias históricas bem determinadas, dentre as quais se destaca o surgimento da polis grega. (D) instaurou um retorno à cultura homérica, já que as primeiras doutrinas filosóficas se limitam a repetir a Ilíada e a Odisseia. 54. Nas Orientações Pedagógicas/MG concernentes à lógica e à argumentação, o professor do Ensino Médio é enfaticamente orientado a (A) mostrar como todo tipo de sentença possui um valor de verdade. (B) mostrar como a lógica não possui nenhuma relação com a linguagem comum. (C) não distinguir argumentos indutivos dos dedutivos, já que os mesmos possuem as mesmas características. (D) não lecionar lógica tendo por base apenas a silogística, que constitui uma pequena parte da lógica moderna. 55. O ensino da lógica é importante principalmente porque (A) auxilia o aluno a escrever de modo mais rebuscado. (B) assegura a entrada do aluno no mercado de trabalho. (C) auxilia o aluno a argumentar melhor e com mais rigor. (D) faz o aluno entender melhor seus direitos e deveres. 56. A validade lógica de um argumento é determinada (A) pela sua forma. (B) pelo seu conteúdo. (C) pela pessoa que o profere. (D) pela sua finalidade. 57. É denominado correto APENAS o argumento que (A) é realizado segundo as regras da lógica. (B) possui conclusões verdadeiras. (C) é realizado com base em sentenças verdadeiras. (D) é válido e possui premissas verdadeiras. 58. De acordo com as Orientações Pedagógicas/MG para o tema "verdade e validade", a avaliação do aprendizado destes conceitos deve preferencialmente ser realizada por meio de (A) provas de múltipla escolha. (B) compreensão e redação de textos argumentativos em geral. (C) chamada oral. (D) dissertação específica sobre o tema "verdade e validade". 59. [...] é preciso reconhecer que o conceito de legitimidade se reporta a uma dimensão anterior à formalização da lei (o domínio da legalidade). A legitimidade diz respeito aos princípios que animam a lei (isto é, a razão pela qual fazemos a lei) e assim uma ação contrária à lei pode estar justificada na medida em que essa lei é considerada contrária aos interesses que a originaram. Por exemplo, imaginemos um país cujo governo obrigue, por meio de lei, os pais a retirar seus filhos da escola. Ora, tal lei contraria o interesse dos cidadãos, assim como fere um direito fundamental. Nesse caso, o não respeito à lei seria certamente ilegal e, ao mesmo tempo, legítimo. É importante ainda destacar que a legitimidade pode ser também associada à ideia de justiça, uma vez que a justiça é um elemento necessário para que uma lei tenha sua validade reconhecida. Em outros termos, uma lei injusta não pode ser legítima. (ADVERSE, Helton. Orientação pedagógica: Lei e justiça) Tendo o texto acima como base, para uma lei ser legítima, ela deve (A) ser expressão da vontade geral dos cidadãos que a ela estão submetidos, servindo ao seu interesse comum. (B) ser antiga e respaldada pela tradição. (C) estar de acordo com os interesses da parcela mais poderosa da sociedade na qual vigora. (D) ser proposta e aprovada por todos os membros da sociedade na qual vai vigorar, incluindo também os menores de idade. 60. Um dos argumentos a favor da solução dualista é o da irredutibilidade dos processos subjetivos e interiores aos processos físicos e corporais. Esse argumento baseia-se na evidência de que uma terceira pessoa não pode jamais sentir exatamente aquilo que se passa no interior de uma outra pessoa. Um cientista, por exemplo, que analisa a configuração cerebral de uma pessoa no momento em que ela saboreia uma barra de chocolate não pode jamais sentir o sabor experimentado por ela. A hipótese dualista para esse problema sugere que a nossa consciência, que acontece como uma experiência em primeira pessoa, é essencialmente distinta dos nossos estados cerebrais, que por serem processos físicos, são acessíveis a uma terceira pessoa. A nossa consciência tem assim uma natureza essencialmente mental enquanto o nosso cérebro uma natureza fundamentalmente física. (LEITE, P. Orientação pedagógica: a posição monista) O que caracteriza a posição dualista em geral é a tese de que a mente (A) tem a mesma natureza do corpo, sendo que processos mentais e processos químico-físicos são perfeitamente traduzíveis um no outro. (B) não sofre nenhuma influência do corpo e nem o corpo da mente, mas ambos são radicalmente independentes entre si. (C) não é redutível ao corpo e nem este àquela, mas são de naturezas diferentes. (D) é ontologicamente superior ao corpo, devendo a razão dominar os impulsos corporais. GABARITO: 001 - C 002 - C 003 - B 004 - A 005 - D 006 - A 007 - D 008 - A 009 - B 010 - C 021 - C 022 - D 023 - B 024 - C 025 - A 026 - B 027 - A 028 - D 029 - A 030 - B 031 - D 032 - B 033 - D 034 - A 035 - C 036 - B 037 - D 038 - A 039 - D 040 - C 041 - B 042 - A 043 - C 044 - B 045 - D 046 - A 047 - D 048 - B 049 - B 050 - C 051 - A 052 - B 053 - C 054 - D 055 - C 056 - A 057 - D 058 - B 059 - A 060 - C |
||||
Como referenciar: "Provas - Prova e Gabarito - Professor de Filosofia - Secretaria de Educação - Minas Gerais - Fundação Carlos Chagas - 2012" em Só Filosofia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 23/11/2024 às 08:22. Disponível na Internet em http://filosofia.com.br/vi_prova.php?id=116