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Dicionário de Filosofia
Adequado | ||
a) Imagem ou ideia que representa, perfeita e completamente, o objeto que deseja enunciar em seus aspectos genéricos e específicos. b) Spinoza usa-o para expressar os caracteres intrínsecos de uma ideia verdadeira em oposição às concordâncias extrínsecas da ideia e do seu objeto. Para Spinoza, o conhecimento adequado por excelência é o da eterna e infinita essência de Deus, implicitamente encerrada em cada uma de nossas ideias. E é nesse conhecimento que ele faz consistir a imortalidade da alma e o soberano bem. A ideia representa a essência invariável e inteligível das coisas, enquanto a sensação corresponde aos aspectos variáveis, às aparências. Assim, quanto mais afastada da sensação, mais depurada das afeições, da sensibilidade em geral, mais conforme à natureza real da coisa representada, mais é adequada. c) Para Leibniz é adequado um conhecimento quando distinto, e distintos seus elementos, quando se revela tudo quanto contém o conceito; isto é, uma noção que é inteiramente analisada em noções simples, de maneira que possamos conhecer a priori a possibilidade. d) Chamavam os escolásticos adequação entre o intelecto e a coisa a expressão da verdade ontológica, pela qual há conformidade e perfeita correspondência entre a essência do objeto mental e o seu modelo. Constitui assim o fundamento da conformidade lógica entre o objeto e seu juízo. No idealismo moderno vamos encontrar a substituição dessa adequação pela tese da primazia do transcendental sobre o ontológico; portanto um novo tipo de adequação. A fenomenologia volta ao sentido antigo de adequação. Aceita não somente a adequação total (intuição das essências), como também no sentido de redução da verdade à correspondência entre a afirmação e a estrutura ontológica do afirmado. e) Nem de todas as ideias podemos formar uma imagem adequada, como por exemplo as ideias metafísicas ou aquelas que, embora físicas, só possuímos meios metafísicos para conhecê-las. |
Adiaforia | ||
Na ética estoica as coisas que devem ser preferidas porque ajudam a vida a harmonizar-se com a natureza são boas; as que devem ser evitadas, porque prejudicam essa harmonia, são más; as indiferentes são precisamente aquelas que não se enquadram em nenhuma dessas duas classificações. São estas precisamente as "coisas indiferentes", que Kant chama extramorais. |
Admiração | ||
a) Admiração é um sentimento provocado pelo que é extraordinário. Nesse sentimento há o reconhecimento prazeroso da superioridade de algo ou de alguém sobre quem admira, pela razão da grandeza, do valor ou da beleza do que é admirado. Na admiração há um espanto e ela se expressa por palavras ou gestos; o contrário é o desprezo ou o menosprezo. b) Para Descartes, além do sentido usual, tem a significação de suprema paixão fundamental do filósofo, que provoca o desejo da investigação; a origem de todas as paixões. c) Para Aristóteles e Spinoza o conhecimento da necessidade inerente da ordem suprime a admiração ou a transforma numa impassível contemplação intelectual. |
Admitir | ||
a) Reconhecer a veracidade de uma opinião. Neste sentido a palavra implica quase sempre uma reserva: ou para indicar que o consenso expressado se limita a não negar a respectiva afirmação ou para assinalar que quem admite deu somente expressão a uma convicção geral, sem criticá-la, ou então para fazer subentender que o admitido por outro é suscetível de objeções. b) Aceitar a validez de uma regra ou de uma convenção. c) Demarcar, provisoriamente, atribuir um valor aproximativo a uma magnitude. d) Supor, tomar uma proposição como ponto de partida de um raciocínio sem se preocupar com a veracidade ou falsidade de dita proposição, com o fim único de ver quais as consequências que se podem tirar dela. e) Tratando-se de coisas, designa a compatibilidade do predicado com a natureza daquela coisa. |
Adocionismo | ||
Doutrina cristã proeminente na Espanha, no século VIII, pela qual Cristo, enquanto homem, era considerado o Filho de Deus por adoção somente, e reconhecia ademais que enquanto ele era Deus era, também, Filho de Deus por natureza e geração (descendência). A Igreja condenou esta doutrina. |
Adogmatismo | ||
Teorias que se opõem ao dogmatismo ou não aceitam dogmas. |
Adoração | ||
a) É a ação que consiste em render homenagem, por meio de palavras, ou de gestos, ou de atitudes ou de cultos, devida a algo ou a alguém. Na adoração há uma admiração, pois só é adorável o que é admirável. b) Nas religiões consiste em render à divindade o culto que lhe é julgado devido e caracteriza-se pelo solene respeito. |
Adorno, Theodor | ||
Filósofo e crítico musical, foi uma das figuras que mais contribuíram para denunciar a mercantilização que atinge a arte contemporânea. Foi professor na Escola de Frankfurt, constituiu o núcleo de uma linha original de pensamento filosófico-político desenvolvido por Walter Benjamim, Max Horkheimer, Herbert Marcuse, Wilhelm Reich, Jürgen Habermas e Adorno. A teoria crítica proposta por esses pensadores se opõe à teoria tradicional, que se pretende neutra quanto às relações sociais. Ela toma a própria sociedade como objeto e rejeita a idéia de produção cultural independente da ordem social em vigor. Adorno regressou à Alemanha em 1949, retomou a atividade docente e participou intensamente da vida política e cultural do país. Antes de sua morte em Visp, Suíça, em 6 de agosto de 1969, teve destacada e polêmica participação nos movimentos estudantis que sacudiram a Europa a partir de maio de 1968.
Fundamentado na dialética de Hegel, Adorno imprimiu um conteúdo sociológico a seus escritos filosóficos e musicais. O jazz, a música, o teatro engajado e a literatura realista foram alguns dos objetos de reflexão escolhidos por Adorno para denunciar a mercantilização que atinge a arte contemporânea. O conceito de "indústria cultural" foi criado por Adorno para designar a exploração sistemática e programada dos bens culturais com finalidade de lucro. A obra de arte produzida e consumida segundo os critérios da sociedade capitalista se rebaixa ao nível de mercadoria e perde sua potencialidade de crítica e contestação. Produziu algumas das obras capitais do pensamento estético, como a "Dialética do esclarecimento" (1947), em colaboração com Horkheimer, a "Filosofia da nova música" (1949) e a inacabada "Teoria estética" (1970), na qual trabalhou até a morte.
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Adquirido | ||
a) Adjetivo que designa o caráter secundário da existência não original de uma qualidade, que foi obtida por certo esforço, por parte do sujeito, que pode ser um indivíduo ou uma espécie. b) Percepções adquiridas são aquelas que não nos são dadas imediatamente, mas só por uma certa educação do respectivo sentido e por um raciocínio inconsciente. c) Em biologia um caráter adquirido se entende como não sendo inato ao indivíduo, mas obtido pela espécie; daí não ser contraditório falar em hereditariedade de caracteres adquiridos. Também um caráter adquirido pelo indivíduo pode tornar-se hereditário, mas evidentemente não no mesmo indivíduo, mas nos descendentes. d) Na mística fala-se de qualidades adquiridas por um esforço pessoal, em oposição às qualidades ou à contemplação infusa de Deus. e) Como substantivo significa, na pedagogia, a totalidade dos conhecimentos acumulados por um indivíduo. f) Na sociologia o que não é inato, o que é obtido de alguma fonte, o que é obtido através de um hábito social. |
Advento | ||
a) Chegada, vinda. b) Período das quatro semanas imediatamente anteriores à festa do Natal. c) É a era ou o momento histórico em que começa um novo período, ou em que se instaura uma nova ordem, ou em que surge um novo ídolo social. d) Grande advento, expressão usada por Nietzsche para indicar a época que precederá à vinda do super-homem, pelo aparecimento de homens de grande domínio sobre si mesmos. |
Como referenciar: "Dicionário - A" em Só Filosofia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 23/11/2024 às 16:38. Disponível na Internet em http://filosofia.com.br/vi_dic.php?palvr=A&pg=5