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Galileu - parte 48
Quando as notícias sobre a ascensão de Urbano VIII chegaram ao convento, Maria Celeste esperava que o silêncio de seu pai nas mãos da Igreja acabaria. Galileu, em segredo, dividiu com ela uma carta que recebera de seu velho amigo, o Papa.
“Pai, alegria que senti pela carta escrita a você, pelo Supremo Pontífice foi indescritível. Seu bilhete claramente expressa o afeto que esse grande homem tem por você. Eu li e reli, saboreando-a em segredo e estou devolvendo-a, como insiste, sem tê-la mostrado a ninguém”.
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Galileu - parte 47
Sete anos depois de a Inquisição banir Copérnico, chegaram as notícias para Galileu de que um novo Papa havia assumido o trono de São Pedro. O Conselho dos Cardeais havia escolhido o membro de uma importante família toscana, um homem que Galileu considerava um amigo: Maffeo Barberini, se tornaria o Papa Urbano VIII. Há espaço para uma Roma Renascentista. O novo Papa era um grande fã de Galileu. Escreveu poemas para Galileu e, de repente, a situação parecia bem diferente da de 1616. |
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Galileu - parte 46
Galileu produziu uma série de pinturas intricadas registrando as mudanças diárias das manchas solares. Os movimentos contínuos das manchas sugeriam que o Sol girava em seu próprio eixo. A evidência visual é aceita tanto por adeptos de Copérnico quanto por pessoas que acreditam que a Terra é o centro do universo. Cada vez mais vemos astrônomos conservadores cedendo. Galileu sabia que seus adversários estavam errados. Não importava que o matemático jesuíta desejava que o Sol não tivesse manchas. Galileu havia revelado verdadeiras manchas, na superfície do verdadeiro Sol. |
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Galileu - parte 45
Galileu entra em uma discussão com um matemático jesuíta alemão chamado Cristoff Scheiner sobre a natureza das manchas solares. O alemão argumenta que as manchas são, na verdade, pequenos satélites que ficam em volta do Sol; enquanto Galileu argumenta que as manchas, estão na superfície do Sol ou muito próximas dele e que elas são, talvez, como nuvens. Então, Galileu, cuidadosamente, planejou a publicação de suas cartas sobre manchas solares. Claramente, havia manchas no Sol,de formatos tão irregulares, que não poderiam ser satélites. Há um estudo visual em que temos imagens ininterruptas de manchas solares. |
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Galileu - parte 44
Maria Celeste, filha de Galileu, vivia problemas complexos no convento, mas vivia uma fé consistente, concreta, muito profunda. Sentia-se amparada. Tal submissão graciosa aos caminhos da fé não era um caminho que Galileu seguiria. Ele nunca conseguiu a mesma obediência de sua filha à Igreja, mesmo sob os olhares atentos da Inquisição. |
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Galileu - parte 43
Escreve a filha para Galileu: “Ilustríssimo senhor, pai, por favor, não se esqueça da sua séria condição e tenha um pouco mais de amor por si mesmo do que pelo jardim. Nesse tempo de Quaresma, faça esse sacrifício, nem que seja por mim. Prive-se do prazer do jardim”.
Sacrifício e exaustão eram condições que a irmã Maria Celeste conhecia muito bem. O convento em que Virgínia se tornou Maria Celeste era praticamente um convento pobre. Fazer parte de um convento das Irmãs Clarissas, era, claro, ser comprometido com a pobreza. Era a maneira de viver delas, a maneira que escolheram. Então, esperavam ter pouca coisa para comer; passar frio no inverno e passar por situações difíceis todos os dias, todos os momentos.
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Galileu - parte 42
Maria Celeste, filha de Galileu, vive num mosteiro, está afastada do mundo e mesmo assim ela tem participação em tudo. A questão imobiliária, a comida, pequenos favores, a roupa. Ela nunca deixou de ser uma filha italiana dócil. O envelhecido Galileu reclamava constantemente de uma terrível indisposição. “Eu acho que esse ar gélido de Florença faz muito mal à minha cabeça e ao resto do meu corpo. Constipação, perda de sangue, resfriados, nos últimos três meses, estive em estado de desespero e fiquei praticamente confinado ao meu quarto. Não, à minha cama sem o benefício do sono ou do repouso.”
De alguma forma, todas as necessidades de Galileu, todas as suas dores, seus interesses eram conhecidos por sua filha, por trás dos muros do convento.
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Galileu - parte 41
Apesar de seus problemas com a Igreja, Galileu ainda estava bem apoiado pelos Médici. Ele havia se mudado para mais perto da filha, para uma vila em cima de uma colina nos arredores de Florença.
Florença é rodeada por colinas e Arcetri, como os outros, era o local onde famílias ricas de Florença , tinham suas próprias vilas. Também havia fazendas comuns. Havia conventos. Era relativamente difícil ir para cidade e quando a filha de Galileu estava num convento próximo ela encontrou para o pai um terreno próximo ao convento, onde havia um campo e azeite de oliva. A filha também lhe disse que fabricavam vinhos, mas que ele não deveria beber muito vinho.
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Galileu - parte 40
Galileu usou um cavalo para representar o movimento da Terra. Se um cavaleiro derrubasse uma bola ao estar parado, a bola iria, é claro, cair diretamente para baixo se posicionando ao lado do cavalo. Mas o que aconteceria se o mesmo cavaleiro derrubasse a bola com o cavalo a galope? No experimento de Galileu o movimento do cavalo para frente seria passado à bola através da mão do cavaleiro. Quando a bola caísse continuaria se movendo para frente e se posicionaria ao lado do cavalo, da mesma forma quando o cavalo estava parado. Para Galileu quando o cavalo e a bola dividiam o mesmo movimento era como se o movimento não existisse. Se a Terra estava em movimento poderíamos nos mover com ela sem ter conhecimento disso? |
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Galileu - parte 39
Se, como o galope do cavalo, a Terra está se locomovendo pelo espaço, por que não sentimos esta movimentação? Galileu se prendeu ao paradoxo de que a Terra poderia se movimentar em seu eixo, rápido o bastante para dar origem ao dia e a noite, sem as pessoas perceberem a sua movimentação. Galileu diz: “Bem, isso deve nos dizer algo muito profundo sobre como a natureza funciona”. |
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Galileu - parte 38
Apesar de uma relação entre as marés e as fases da Lua ter sido observada há séculos, Galileu rejeitou a idéia. Para ele, a sugestão de que a Lua pudesse influenciar eventos terrestres, seria a vitória da astrologia e do ocultismo. A procura pela prova física da rotação da Terra levaria mais de 200 anos. “ Eu não sei. Que bela expressão. Tão justa em sua honestidade. É melhor do que explicações do ocultismo oferecidas por certos filósofos. O número de pessoas que tem bom senso é muito menor do que as de mau senso. Se pensar fosse como transportar pedras, então, ter vários pensadores seria melhor do que ter um. Mas pensar não é como transportar pedras; é como correr onde um único galope de Berbere facilmente vence cem cavalos que puxam carroças”. |
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Galileu - parte 37
“O que faz com que a água da bacia do Mediterrâneo se comporte desta maneira é algo que prende a minha imaginação. Alguns dizem que Aristóteles após observar as marés por um longo tempo de um penhasco atirou-se no mar num ataque de desespero e destruiu a si mesmo por causa de seu mistério”. Em 1616, ele já havia entregue a alguns cardeais um estudo sobre as marés, onde alegava ser esta a prova física da movimentação da Terra. Isso está incorreto, mas ele achou que iria conseguir. Por uma única vez a intuição de Galileu falhou. |
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Galileu - parte 36
O cardeal Belarmino disse que a Igreja poderia mudar de opinião, se houvesse uma prova concreta de que a Terra gira em torno do Sol. A Igreja não aceitava a afirmação de Galileu de que as fases de Vênus comprovavam o sistema heliocêntrico. Então, ele se empenhou em encontrar uma prova física de que a Terra estava em movimento. Desde seus primeiros dias em Veneza, onde o nível da água poderia subir ou cair, alguns metros num dia, Galileu desenvolveu certo interesse pelas marés. Assim como a água bate e volta num recipiente em movimento, Galileu percebeu que a Terra, como um navio gigante girando em seu próprio eixo, poderia fazer com que a maré aumentasse e diminuísse duas vezes ao dia. Ele acreditava que o movimento das marés, de um corpo de água, como o Mediterrâneo, poderia provar (o Maior erro de Galileu) o movimento da Terra. |
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Galileu - parte 35
Galileu era católico e não tinha interesse em brigar com a Igreja. O que ele queria, desde que começou a apoiar Copérnico publicamente, era levar o conhecimento da teoria à Igreja e de como a teoria era totalmente inofensiva para a Igreja. Se a Igreja adotasse uma postura defensiva em relação a algo, que tinha boas chances de ser verdade, a Igreja enfrentaria vergonha. Galileu revelou a sua frustração em cartas a seus amigos e seguidores. “Banir Copérnico quando sua doutrina recebe novas e positivas observações diariamente parece, para mim, contradizer a verdade, escondê-la e omiti-la quando a sua revelação está tão clara. Apesar dos avanços de Copérnico, suas teorias estão cercadas por mistérios tão sublimes e conceitos tão profundos que centenas e centenas das mentes mais brilhantes ainda não conseguiram desvendá-las”. |
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Galileu - parte 34
Se existia uma batalha entre a religião e a ciência, a religião havia ganhado o primeiro “round”. Apenas alguns meses após a colisão de Galileu com a Igreja, sua filha mais velha adotou um dos rituais mais antigos. Renunciando suas posses terrenas, ela abandonou seu nome de nascença, Virgínia, e adotou o nome de irmã Maria Celeste, que segundo a tradição, lhe fora dito por Deus.
Apesar de suas vidas serem difíceis, muitas mulheres sábias optavam pelo convento, porque sabiam que seria um lugar propício ao pensamento e à escrita e teriam mais status na sociedade do que teriam se fossem casadas e tivessem filhos.
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