Francis Bacon (1561 - 1626)
Bacon é considerado o pai do empirismo moderno por ter formulado os fundamentos dos métodos de análise e pesquisa da ciência moderna. Para ele a verdadeira ciência é a ciência das causas e seu método é conhecido como racionalista experimental. Afirma que "O empírico se assemelham à formiga, pois se preocupa em acumular e depois comer a sua comida. O dogmático é como a aranha que tece sua teia com material extraído de si mesmo, da sua própria substância. A abelha faz o melhor caminho, pois tira a matéria das flores do campo e então por uma arte própria, trabalha e digere essa matéria".
Podemos olhar a natureza de duas formas: primeiro através da antecipação, onde se dispensa o experimento e através de algumas sensações formulam-se máximas que não exigem provas para serem consideradas verdadeiras. A segunda forma é através da interpretação, que utiliza um método que ordena as experiências e sobe, de forma organizada dos experimentos específicos às verdades gerais. Cada etapa desse processo tem que ser experimentalmente comprovada. A pesquisa por antecipação não gera frutos, mas a pesquisa por interpretação é criativa e imaginativa e produz novidades abundantes e de boa qualidade.
Sua reflexão filosófica busca um método para o conhecimento da natureza que possa ser definido como científico e que possa ser repetido. Para ele esse método é o indutivo, mas não na forma entendida por Aristóteles como a enumeração simples da observação de diversos casos e da criação de uma regra geral com base nesses casos. Para Aristóteles, por exemplo, se forem observadas diversas araras e todas elas forem vermelhas, podemos chegar à conclusão por indução de que todas as araras são vermelhas. Para Bacon a coleta simples de informações como as das araras podem nos levar ao erro, pois a informação seguinte pode ser o conhecimento de uma arara azul.
A solução para prevenir essas falsas conclusões é a criação de uma metodologia que exclua os caracteres não essenciais dos fenômenos observados. A indução deve nos levar ao conhecimento da lei que rege esses fenômenos, deve descobrir a natureza, a causa e a essência do que está sendo estudado. Bacon busca a origem do fenômeno, sua constituição, estrutura e desenvolvimento. As explicações dos fenômenos estão contidas também nos aspectos qualitativos e não somente nos quantitativos. Esse método é, de forma geral, o que os biólogos usam para estudar as araras hoje, por exemplo.
Bacon critica duramente muitos filósofos anteriores a ele a quem considera estéreis por suas filosofias não se preocuparem em resolver problemas práticos da vida das pessoas. A filosofia tem o objetivo de oferecer instrumentos para melhorar a vida dos homens e fazer com que ele tenha mais poder sobre a natureza. O conhecimento é algo prático e quanto mais conhecimento tivermos mais poderosos seremos. A ciência tem que ser funcional e produzir efeitos na vida dos homens. Para ele os filósofos do passado fizeram uma filosofia de palavras e o que os homens precisam é uma filosofia de obras.
Francis se preocupa também em identificar as formas mais comuns de pensamentos que podem nos levar a falsas verdades, que ele chama de ídolos. Os ídolos da tribo são os enganos criados pelo nosso próprio intelecto que através de observações fáceis e parciais pode chegar a conclusões falsas, como aconteceu durante muito tempo nas observações que os homens fizeram do universo e acreditaram que o sol girava em torno da terra. Os ídolos da caverna dependem de cada indivíduo, pois cada um de nós tem uma caverna, um lugar profundo onde guarda verdades que independem da comprovação, são certezas das quais não abrimos mão mesmo diante de provas concretas. Os ídolos da caverna, ou os pré-juízos, podem nos levar ao erro por não aceitarmos a existência de outras verdades e de outras realidades além dessa nossa verdade íntima e profunda. A terceira forma de ídolo é a da praça, ou do foro, que podem nos levar ao erro por diferenças de interpretação do que nos falam e do que falamos aos outros. As palavras são o fio condutor que podem nos levar a esse ídolo, as palavras podem fugir da nossa interpretação e criar vida e sentido próprio e nos levar ao erro. O quarto e último ídolo é o do teatro e podem chegar até nós através de doutrinas filosóficas que não foram suficientemente demonstradas.
Sentenças:
- Obedecer a natureza é comandá-la.
- Quem não usa novos remédios vai ter novas doenças.
- É melhor não ter uma opinião sobre Deus do que ter uma má opinião sobre ele.
- A verdade é filha do tempo.
- No teatro humano Deus é o espectador.
- Pouca filosofia gera o ateísmo, muita filosofia nos leva à fé.
- O homem pode tanto quanto sabe.
- A natureza humana é mais estúpida do que sábia.
- A esperança é um bom café da manhã, mas uma péssima janta.
- O dinheiro é bom servo, mas mau patrão.
- Na caridade não existe excessos.
- É triste ter poucos desejos e muitos temores.
- A natureza algumas vezes está escondida, outras dominada, mas raramente extinta.
- As ocasiões tem que ser criadas e não esperadas.
- Suspeita muito quem sabe pouco.
- A amizade duplica as alegrias e divide as angústias.
- Velha madeira para queimar, velho vinho para beber, velhos amigos para confiar e velhos livros para ler.
- O fanático não quer o idiota não pode e o covarde não ousa pensar.
- As maiores obras nasceram de homens sem filhos.
- A vingança é uma justiça selvagem.
- O silêncio é a virtude do imbecil.
Francis Bacon
Responsável: Arildo Luiz Marconatto