Michel Montaigne (1533 - 1592)
Em
Montaigne o "conhece a ti mesmo" não pode nos dar uma resposta sobre a essência
do homem. Quando alguém conhece a si mesmo está conhecendo a singularidade e
não a totalidade do homem. Conhecer a nós mesmos não é a garantia de conhecer
os outros. Para melhor nos conhecermos podemos refletir sobre a experiência dos
outros e nos vermos refletidos nelas, mas isso não significa que conhecemos os
outros, pois todos somos claramente diferentes.
Como cada ser humano apresenta
múltiplos aspectos e cada um tem suas características próprias, não é possível
estabelecer regras para todos os homens. Não podemos indicar algo que seja
comum a todos, cada indivíduo tem que elaborar seu próprio conhecimento, sua
sabedoria particular, que vai ser a sua medida para conhecer a si mesmo. Conhecendo
a si mesmo o homem também regressa a si, o que é um dos princípios do
renascimento.
Montaigne se preocupa também com a
condição existencial do ser humano. A existência
é um problema, uma pergunta que nunca poderá ser respondida. A nossa existência
é uma experiência constante e constantemente também deve explicar a si própria.
Cada pessoa traz em si a condição existencial de toda humanidade. Ele busca
descrever o homem descrevendo a si mesmo. Ele e o homem são um milagre em si
mesmo.
Em seus escritos ele diz utilizar a
própria vida como filosofia. A sua filosofia é um relato autobiográfico, pois para
ele cada indivíduo tem em si a capacidade máxima da situação humana. O homem
deve buscar ser somente o que ele é, ou seja, um homem, e nada mais que isso. Não
podemos fazer nada melhor do que sermos humanos. De nada adianta criarmos
fantasias de que seremos algo mais elevado do que humanos que somos. Aspirarmos
ser algo além de homens é inútil e pode nos causar danos morais.
Ele afirma ainda que a morte faz
parte da nossa condição de humanos. Nós somos uma mescla de vida e morte e
ambas confundem-se em nós. Aprender a viver é aprender a morrer. Quando assumimos
nossa condição mortal tendemos a estimar mais a vida que temos. A morte nos faz
desejar viver mais e melhor.
Sentenças:
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É melhor uma cabeça bem feita do que uma cabeça cheia.
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Do medo é que eu tenho mais medo.
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Quem ensinar os homens morrer vai também ensinar a viver.
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O verdadeiro espelho dos nossos discursos é nossa vida.
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A mais sutil loucura é feita da mais sutil sabedoria.
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Cada homem tem em si a condição inteira da humanidade.
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As mais belas almas são as que têm mais variedade e flexibilidade.
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Quem tem medo do sofrimento já está sofrendo.
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A palavra é metade quem fala e metade quem ouve.
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A covardia é a mãe da crueldade.
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O lucro de um é o prejuízo de outro.
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Não estamos nunca junto de nós, mas sempre para além de nós mesmos.
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Não morremos porque estamos doentes, morremos porque estamos vivos.
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O casamento é uma gaiola em que os pássaros que estão fora querem entrar e os
que estão dentro querem sair.
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O melhor casamento seria entre uma mulher cega e um marido surdo.
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Quem não tem boa memória não deve mentir.
- Mesmo no mais alto trono continuaremos sentados sobre nosso traseiro.
Responsável: Arildo Luiz Marconatto