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Guilherme de Ockham (1285 - 1349)

            Para Ockham a fé não pode fazer conhecer de maneira clara e inequívoca as suas verdades. A fé não pode apresentar argumentos que possam ser demonstrados. A verdade manifesta por Deus não pertence ao mundo racional. A filosofia não pode se submeter à teologia porque a teologia não é uma ciência, mas uma série de afirmações e sentenças que não se relacionam lógica e racionalmente. O que une as afirmações da teologia é a fé e não a razão.

            A razão também não pode proporcionar assistência e apoio para a fé, pois para as coisas divinas a razão é ineficaz. Somente a fé consegue esclarecer assuntos da revelação divina. O entendimento da revelação divina vai além da capacidade humana e portanto não é racionalmente compreensível. A razão humana trabalha em um território diverso do território da fé.

            O mundo para Ockham é a soma das diversas partes que acabam fazendo o todo, mas essas partes não tem entre si uma ligação ou uma ordenação necessária. Essas diversas partes individuais são o objeto da ciência. O universo é composto por um conjunto de elementos divididos, isolados e eventuais.

            A prioridade que o autor dá ao indivíduo faz com que também tenha prioridade a experiência e é nela que ele coloca a base do conhecimento, que pode ser intuitivo ou abstrativo.

O conhecimento intuitivo é que vai demonstrar se algo existe concretamente. A compreensão intuitiva da realidade do mundo é o que origina todos os outros entendimentos que o conhecimento nos possibilita, é nele que inicia todo conhecimento experimental. No conhecimento intuitivo não existem intermediários entre o objeto conhecido e o indivíduo que vai conhecer esse objeto.

            O conhecimento abstrativo é a totalização, a soma dos diversos conhecimentos intuitivos individuais e não necessita para sua formulação da existência concreta do objeto do conhecimento.

            "Não devemos multiplicar os entes se não for necessário" é a frase de Ockham que resume o que mais tarde ficou conhecida como sendo A Navalha de Ockham. Como cada indivíduo é único, única também é a sua capacidade intelectual, não existe um universal para o conhecimento. Fazer abstrações sobre a essência de diversos entes é algo supérfluo e inútil. O conhecimento baseia-se no mundo empírico e individual. A Navalha de Ockham exclui do conhecimento possível o conhecimento metafísico. Somente podemos conhecer o que podemos experimentar.

            Em outros termos a Navalha de Ockham diz que entre duas teorias que explicam o mesmo fenômeno devemos escolher sempre a mais simples. No caso de Ockham a explicação mais simples é a mostrada pela experiência.

            Guilherme, após se desinteressar pela pesquisa dos problemas metafísicos, conduz sua atenção para os assuntos da natureza, pois essa é o objeto direto das experiências sensíveis. A natureza é o território do conhecimento humano, é para o mundo físico que os homens devem orientar sua atenção e direcionar suas pesquisas.


Guilherme de Ockham


Responsável: Arildo Luiz Marconatto

Como referenciar: "Guilherme de Ockham (1285 - 1349)" em Só Filosofia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 19/04/2024 às 13:17. Disponível na Internet em http://filosofia.com.br/historia_show.php?id=54