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Boécio (480 - 525)

                Boécio acreditava que a cultura latina do seu tempo estava em crise e buscou na preservação e difusão da cultura grega a solução para essa fase difícil que passava o conhecimento romano. Para fazer com que os latinos conhecessem a cultura grega Boécio planejou traduzir para o latim as obras de Aristóteles e Platão, mas conseguiu traduzir somente alguns livros.

            Para o filósofo, os seres universais como O Belo, O homem, O Universo, existem somente enquanto ideias em nosso intelecto. Eles são portanto imateriais pois são abstrações que nós criamos para entender a realidade. No mundo material o belo existe somente como atributo de coisas singulares e é através dessas coisas singulares que podemos abstrair, formar uma ideia do Belo universal.

            Sendo a filosofia o amor à sabedoria e causa suficiente de si mesma, ela é também a busca pelo conhecimento de Deus, pois ele é a sabedoria absoluta. E é nessa sabedoria absoluta que devemos buscar a felicidade e não nas coisas terrenas. Deus é a felicidade e o máximo bem. O Uno, Deus e o Bem são para Boécio a mesma coisa.

            Para responder a pergunta da origem do mal, já que o mundo é dirigido por Deus, Boécio utiliza a providência divina e diz que está fora do nosso entendimento percebermos todos os desígnios de Deus. Todas as coisas são feitas para atingir o bem, e não o mal. O mal é um erro de análise feito por pessoas de pouco conhecimento. Elas buscam o bem, mas por um cálculo falho, por um exame imperfeito causado pela falta de conhecimento, elas fazem o mal.

            Outra questão que preocupou o filósofo foi a do destino e da liberdade. Se Deus tem um destino para os seres humanos esse destino destrói a liberdade de sermos quem quisermos ser e fazermos o que quisermos fazer. Para Boécio Deus realmente sabe tudo o que vai acontecer, mas não existe a necessidade de que tudo o que ele sabe que possa acontecer aconteça realmente. Para Deus não existe passado ou futuro, mas um constante presente e um conhecimento completo de tudo que aconteceu ou pode acontecer.

            Sobre a música Boécio distingue três gêneros: a música cósmica, que os homens não percebem, pois é uma música gerada pelos astros do universo; a música humana, que é a mescla do movimento de nossa alma e do nosso corpo e que só poderemos ouvir através de um exame profundo do nosso interior; e por último a música prática que é a música criada pela vibração dos instrumentos musicais e pela voz.

 

Sentenças:

- A música é parte de nós e enobrece ou degrada o nosso comportamento.

- O homem é um animal bípede e racional.

- O homem é um mundo em miniatura.

- Se Deus existe de onde vem o mal? E se não existe de onde vem o bem?

- De todos os infortúnios da fortuna, de ter sido feliz é a mais infeliz tipo de desventura.

- Quem pode julgar os amantes? O amor é uma lei para si mesmo.

- Nada é mais fugaz do que a forma exterior, sua aparência muda como as flores do campo.

- Quem caiu foi porque não soube se sustentar em seus passos.

- O homem justo paga a culpa do injusto.


Boécio


Responsável: Arildo Luiz Marconatto

Como referenciar: "Boécio (480 - 525)" em Só Filosofia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 24/11/2024 às 19:53. Disponível na Internet em http://filosofia.com.br/historia_show.php?id=43