Plotino (204 - 270)
Para Plotino o Uno,
que a tradição cristã identifica como Deus, transcende o ser, a substância e a
morte, vai além de todas as coisas, é infinito e imaterial. Mas é o Deus-Uno
que gera e conserva todas as coisas ilimitadamente. Nós não conseguimos
entender, chegar até Ele, manifestar ou representar Deus. Ele cria as coisas como se
fossem emanações que dele saem como a luz que sai de um astro luminoso e se
espalha para tudo à sua volta.
Plotino se pergunta porque Deus
existe e porque ele é da forma que é, e responde que Deus se auto-produziu. Ele
é um supremo Bem que criou a si mesmo. E ele é dessa forma porque essa é a
superior e melhor forma de ser. Ele existe Nele e para Ele e tem a suprema
liberdade de criação. Além disso, Ele transcende a si próprio.
Deus quando pensa a si mesmo cria o
intelecto que é a sua representação. O intelecto quando pensa em si cria a alma
que é a representação do intelecto. Nesse processo de representação as criações
vão perdendo a identidade com o que representam, da mesma forma como as cópias
de cópias vão perdendo a qualidade. Assim, as coisas que tem origem em deus
serão sempre mais inferiores a Deus à medida que se afastam dele.
Na sequência de importância das
derivações está Deus em primeiro lugar, o intelecto em segundo, a alma em
terceiro. Estes três primeiros formam o que pode ser apreendido pelo intelecto.
Em seguida aparece o mundo físico, criado pela alma e que é composto de matéria
que é algo negativa para Plotino. Deus está nessa sequência no patamar superior
e a matéria está na parte mais baixa dessa visão. A matéria é o não ser, é o
Mal, pois está privado de todo Bem. Ela é negativa, pois está desprovida de toda
positividade que vem do Deus-Uno.
A alma inicialmente cria a matéria
para depois dar forma a essa matéria. A alma dá forma à matéria iluminando-a. O
mundo físico é, portanto formas criadas pela alma.
A consciência para Plotino é a
capacidade de encontrar a verdade dentro de si mesmo. É na consciência que
vamos encontrar as mais elevadas verdades e a origem de todas as verdades, que
é Deus. Ir em busca das verdades da consciência é fazer um caminho de regresso
à nós mesmos, um caminho de volta para dentro de nós. Retornar à nós
mesmos é fazer o caminho que vai nos levar à Deus. Para percorrermos esse
caminho devemos inicialmente nos tornar independentes da exterioridade corporal
e após devemos nos purificar com as virtudes da inteligência e da sabedoria, do
equilíbrio dos desejos, da coragem e da justiça. Essas virtudes devem ser
comandadas pela razão e pelo intelecto, usando também como instrumentos o
amor, a música e a filosofia.
Para Plotino, mesmo o mal tem a sua
razão de ser, pois sendo ele inevitável, significa que ele é necessário. Ele
atribui ao mal também uma função ética, ele vê no mal uma espécie de expiação
por uma culpa original.
Sentenças:
- A beleza e o bem
devem ser buscados no mesmo caminho.
- Três coisas
conduzem a Deus: A música, o amor e a filosofia.
- Ensinar é indicar o
caminho, mas na viagem cada um vai ver o que quiser ver.
- Os olhos não veriam o sol se não fossem
parecidos com o sol e a alma não verá a beleza se ela não for bela.
- A natureza não tem mãos para fabricar as mãos.
Plotino
Responsável: Arildo Luiz Marconatto