Platão (430 - 347) a.C.
Platão em sua filosofia determinou algumas das ideias centrais do
pensamento ocidental como as ideias políticas que aparecem nos escritos
Diálogos e na República, nas teorias psicológicas que expõe em Fedro, na
cosmologia de Timeu e na filosofia das ciências abordas na obra Teeteto.
Platão fundou a Academia
de Atenas, escola onde estudou Aristóteles. Escreveu sobre diversos temas como
epistemologia, metafísica, ética e política. Em seus diálogos um dos
personagens frequente é Sócrates de quem Platão foi discípulo. Em muitos
momentos é difícil dividir o pensamento dos dois filósofos.
Em seus diálogos Platão
utiliza diversos personagens históricos como Górgias, Parmênides e Sócrates
para através de suas falas expor suas teorias filosóficas. Uma de suas teorias
mais conhecidas é a das Ideias em que afirma que o mundo que conhecemos através
dos cinco sentidos, o mundo sensível, é um mundo imperfeito e falho, mera
sombra do real mundo das ideias. O Mundo das Ideias é muito superior ao mundo sensível.
O mundo que sentimos é somente uma cópia apagada do mundo das ideias pois as ideias são únicas e imutáveis e as coisas do mundo sensível estão constantemente
mudando. Esse pensamento aparece no livro República e é conhecida como Mito da
Caverna. Para Platão a única forma para conhecermos a realidade inteligível é
através da razão pois os nosso sentidos podem nos enganar.
Ele divide o mundo em três partes, na primeira
estão os objetos perceptíveis pelos sentidos. Na segunda estão as coisas que
não podem ser percebidas pelos sentidos mas podem ser entendidos pelo espírito
humano como a matemática e a geometria. Na terceira parte de sua divisão Platão
coloca as ideias superiores como a virtude e a justiça que somente podem ser
conhecidas pela inteligência através da utilização de outras ideias.
Platão escreveu ainda
sobre diversos assuntos como a melhor forma de governo e sobre o Estado, para
ele a sociedade deveria ser dividida em três partes que correspondem e se
relacionam com a alma dos indivíduos. A primeira parte é a vontade ou o apetite
e corresponde aos trabalhadores braçais. A segunda parte é a do espírito e é
relacionada aos guerreiros e aventureiros que tem que ser destemidos, fortes
e espirituosos. A terceira parte é reservada aos filósofos e aos governantes, é
a parte da razão e é reservada aos inteligentes e racionais, qualidades essas
mais apropriadas para indivíduos que vão tomar decisões representando toda
sociedade. É portanto a razão e a sabedoria que devem governar, os filósofos devem
governar como reis ou os reis devem ser filósofos para governar com
racionalidade.
Em seu escrito A República
Platão descreve a maneira que se pode passar de um regime político a outro e
classifica os regimes de governo em cinco formas: 1- O governo dos filósofos ou
aristocracia que ele define como o governo dos mais capazes. Esse é para ele o
regime perfeito pois corresponde ao ideal do filósofo rei que reúne poder e
sabedoria em uma só pessoa. Esse regime é seguido por quatro regimes
imperfeitos: 2- A timocracia, regime fundamentado sobre a honra; 3- Oligarquia,
fundamentado sobre a riqueza; 4- Democracia que se fundamenta sobre a ideia de
igualdade e 5- Tirania que se funda no desejo do tirano e representa o fim da
política porque nele são abolidas as leis.
Sobre Epistemologia Platão
elabora a teoria da reminiscência segundo a qual aprender é recordar-se. Para
ele as ideias são imutáveis, eternas, incorruptíveis e não criadas, estas ideias estão hospedadas no hiperurânio que está localizado num mundo
suprasensível. Esse mundo é parcialmente visível para as almas que estão
desligadas do próprio corpo. Quando nossa alma estava desligada do nosso corpo
ela viu e conheceu as ideias do hiperurânio e quando entraram novamente em um
corpo, reencarnando-se, nossa alma esqueceu a visão que teve das ideias. O
trabalho do filósofo é fazer com que as pessoas recordem dessas ideias através
do diálogo. Mas é impossível aos seres humanos conhecer completamente o mundo
das ideias que é acessível somente aos desuses, o melhor conhecimento a que os
humanos conseguem atingir é o conhecimento filosófico, o amor pelo saber e a
incansável busca da verdade. Para Platão o homem tem necessidade de
conhecimento e ele não teria necessidade de conhecimento se não tivesse visto
nunca esse conhecimento. O homem busca o conhecimento porque ele não o tem
mais, porque ele o perdeu.
O mito é uma forma de conhecimento inferior à
filosofia porque é baseado sobre a intuição que não tem como ser demonstrada. E
a ciência é um saber inferior porque necessita ser demonstrada e porque é
baseada sobre hipóteses, mas na falta de conhecimentos melhores mesmo o mito e
a ciência são conhecimentos que podem ser utilizados pelos filósofos para
alcançar as ideias. O único conhecimento que o filósofo não pode aceitar é a
opinião.
Na questão ética Platão
liga beleza e bondade, tudo aquilo que é belo é também verdadeiro e bom e
vice-versa. É a beleza das ideias que atraem a inteligência do filósofo e o
bem, também por ser belo, atrai a sabedoria.
O amor para Platão é uma
forma de delírio divino que se manifesta no afeto à uma pessoa a um objeto ou
até mesmo à uma ideia. Esse afeto é acompanhado da ideia de que a satisfação
desse desejo pode ser uma forma de elevar a existência. Ele distingue o amor através
das suas diferentes finalidades condenando o amor carnal e exaltando o amor pela
sabedoria que é expresso pela filosofia que contempla o verdadeiro belo. O amor
é o desejo de beleza e ela é desejada porque ela é o bem que torna as pessoas
felizes. A primeira beleza que aparece é a beleza do corpo, em seguida vem a
beleza de todos os corpos, acima dela está a beleza da alma que é inferior à
beleza das leis e das organizações humanas, acima dela está a beleza das
ciências e acima de tudo está a ideia de beleza, é a beleza em si que é eterna
e fundamenta todas as outras belezas. O amor é ainda insuficiência pois ele
deseja qualquer coisa que não tem e ele deseja essa coisa porque ele precisa
dessa coisa e se ele precisa de algo é porque ele é imperfeito.
Outro ponto importante da
filosofia de Platão é a questão da justiça pois para ele nenhuma sociedade pode
manter-se sem justiça. A justiça é o que fundamenta o estado e ela acontece
quando os cidadãos pertencentes a um estado cumprem a tarefa que pertence a
cada um deles. A justiça é o que une o estado, ela é a união do indivíduo com o
estado. Para que o estado seja justo devem ser cumpridas duas condições, a
primeira é a eliminação da riqueza e da pobreza e a segunda é o fim da vida
familiar dando às mulheres igualdade de participação no estado. Os filhos
seriam criados pelo estado que assim seria uma única e grande família.
Platão acreditava que o
papel do filósofo é amar conhecer todas as coisas e não somente algumas coisas
e somente é possível conhecer as coisas que são pois o que não é, não é também
cognoscível. O ser é a ciência que é o verdadeiro conhecimento e o não ser é a
ignorância. A opinião é o meio termo entre o conhecimento e a ignorância. A
arte imitativa, como a pintura e a poesia, são condenáveis por serem somente
ilusões. A pintura representa uma imitação de uma pequena parte da aparência
dos objetos e a poesia vai representar somente uma parte da alma que são as emoções.
Ambas são imitações incompletas e de pouco valor.
Sentenças :
- Buscando o bem
de nossos semelhantes encontramos o nosso.
- Cada lágrima
nos ensina uma verdade.
- Quando a
multidão exerce a autoridade, ela é mais cruel do que os tiranos.
- Existe somente
um tipo de virtude, de maldades existem muitos tipos.
- Onde reina o amor,
sobram as leis.
- O corpo é a
prisão da alma.
- O homem sábio
vai querer estar sempre com quem seja melhor que ele.
- Aquele que
aprende e não pratica o que sabe é como o que ara e não semeia.
- Frio e
enfadonho é o consolo que não vem acompanhado de algum remédio.
- A conquista
própria é a maior das vitórias.
- Filosofia é a
ciência dos homens livres.
- Liberdade é ser
dono da própria vida.
- A música é para
a alma o que a ginástica é para o corpo.
- A pobreza não
vem da diminuição das riquezas, mas da multiplicação dos desejos.
- Os amigos se
convertem com frequência em ladrões do nosso tempo.
- Um dos castigos
por recusarmos a participar da política é que seremos governados por homens
inferiores a nós.
- Não conheço um
caminho infalível para chegar ao sucesso, mas existe um caminho seguro para o
fracasso: querer contentar a todos.
- Somente os
mortos viram o fim da guerra.
- Uma vida sem pesquisa não é digna de ser vivida pelo homem.
Platão
Responsável - Arildo Luiz Marconatto