FRAGMENTOS - EMPÉDOCLES DE AGRIGENTO 1. SEXTO EMPÍRICO: Pois bem estreitas mãos por membros estão difusas; e muitas são misérias que embatem, e embotam cogitações. E breve parte de vida em suas vidas tendo visto, logo mortos, como fumaça erguidos, se dissipam, apenas convencidos do que encontrou cada um, a tudo impelidos, e o todo se orgulha de ter descoberto; assim nem são visíveis estas (coisas) a homem nem audíveis nem por mente apreensíveis. Tu então, pois assim te retiraste, aprenderás não mais do que mortal inteligência viu. 2. IDEM: Mas vós, deuses, a loucura destas (coisas) afastai-me da língua e de santificados lábios deixai correr pura fonte. E a ti, de muita memória, de alvos braços, ó virgem Musa, eu te peço, do que é lícito a efêmeros ouvir envia, do reino de Piedade trazendo, o dócil carro. Nem te será forçado flores de bem acolhida honra de mortais receber, e além da santa (ordem?) falar com audácia - e então nos cimos do saber tomar assento. Mas vai, atenta com todo manejo por onde (é) clara cada (coisa); nem tendo alguma vista confia mais que por ouvido; ou no ouvir ressoante mais que no claro gosto da língua; nem dos outros membros, por onde (é) caminho ao pensar, retira a confiança, mas pensa por onde (é) clara cada (coisa). 3. CLEMENTE DE ALEXANDRIA: Mas para os maus muito importa desconfiar dos que dominam; tu, porém, como ordenam as fiéis lições da nossa Musa, conhece, articulado nas entranhas o discurso. 4. AÉCIO: Pois as quatro raízes de todas (as coisas) ouve primeiro: Zeus brilhante e Hera portadora de vida, Aidoneus e Nestis, que de lágrimas umedece fonte mortal. 5. PLUTARCO: Outra te direi: não há criação de nenhuma dentre todas (as coisas) mortais, nem algum fim em destruidora morte, mas somente mistura e dissociação das (coisas) misturadas é o que é, e criação isto se denomina entre homens. 6. IDEM: Mas eles quando em forma de homem misturados à luz chegam, ou em espécie de animais selvagens, ou de plantas, ou de pássaros, então isto dizem que se gerou, e quando se separam, então que houve infausta morte; o que justiça não chamam, por costume falo também eu. 7. IDEM: Crianças; pois não são de longo pensar suas cogitações eles que vir-a-ser o que antes não esperam, ou algo perecer e portanto destruir-se de todo. 8. ARISTÓTELES: Pois do que de nenhum modo é, impossível é vir-a-ser, destruir-se o que é (é) impossível e impensável; pois será sempre lá, onde um sempre (o) firmar. 9. AÉCIO: Nem algo do todo se encontra vazio nem excessivo. 10. ARISTÓTELES: Do todo nada (é) vazio; donde então algo sobreviria? 11. PLUTARCO: Um homem sábio em tais (coisas) no peito não adivinharia que só enquanto vivem, o que assim chamam de vida, eles são, e presentes lhes (são coisas) más e boas, e antes que se fixaram mortais e quando dissolvidos, não são. 12. HIPÓLITO: Pois como antes eram, também serão, e jamais, penso, destes dois ficará vazio o interminável tempo. 13. SIMPLÍCIO: Duplas (coisas) direi: pois ora um foi crescido a ser só de muitos, ora de novo partiu-se a ser muitos de um só. Dupla é a gênese das (coisas) mortais, dupla a desistência. Pois uma a convergência de todos engendra e destrói, e a outra, de novo (as coisas) partindo-se, cresce e se dissipa. E estas (coisas) mudando constantemente jamais cessam, ora por Amizade convertidas em um todas elas, ora de novo divergidas em cada por ódio de Neikos. Assim, por onde um de muitos aprenderam a formar-se, e de novo partido o um múltiplos se tornaram, por aí é que nascem e não lhes é estável a vida; mas por onde mudando continuamente jamais cessam, por aí é que sempre são imóveis segundo o ciclo. Mas vai, do mito escuta; pois estudo aumenta o peito. Pois como já antes disse, revelando o alcance do mito, duplas (coisas) direi: pois ora um foi crescido a ser um só de muitos, ora de novo partiu-se a ser muitos de um só, fogo e água e terra, e de ar a infinita altura, e Ódio funesto fora deles, de peso igual em toda parte, e Amizade dentro deles, igual em comprimento e largura; contempla-a com a mente, e com os olhos não te sentes pasmo; ela entre mortais se considera implantada em seus membros, por eles pensam (coisas) de amor e obras ajustadas fazem, de Alegria chamando-a pelo nome, e de Afrodite. Ela por entre eles se enrolando não a viu nenhum mortal; mas tu ouve do discurso a sequencia não enganosa. Pois estes todos são iguais e de mesma idade, Mas honra, cada um mede outra, e cada um tem seu modo. e em turnos prevalecem no circuito do tempo. E além deles nada mais vem a ser nem deixa de; pois se continuamente perecessem não mais seriam; e este todo que (coisa) o acresceria? Donde vindo? E por onde se extinguida, pois destes nada é vazio? Porém estes são eles mesmos, e correndo uns pelos outros tornam-se outros em outras vezes e continuamente os mesmos. 14. SIMPLÍCIO: Isto de mortais membros (é) bem visível volume: ora por amizade convergidos em um todos os membros, estes ganharam corpo, a vida florescendo em ora de novo por malignas Querelas dispersados, erram eles à parte cada um na ressaca da vida, e assim mesmo é com árvores e peixes nas águas, com feras nas montanhas e aves que em asas navegam. 15. IDEM: Vai, isto como prova de anteriores colóquios contempla, se é que nos anteriores havia algum resíduo sem forma; sol luminoso para ver e quente em toda parte, e imortais quantas (coisas) se banham em sua forma e brilho, e chuva em todas (as coisas) nevoenta e friorenta; e de terra prorrompem (coisas) firmes e sólidas. Em ódio diferidas de forma e à parte todas volvem, mas convergem na amizade e umas às outras se desejam. Pois destes (são) todas (as coisas), quantas eram, são e serão, e árvores germinaram, e também homens e mulheres, e feras e pássaros e peixes que se criam n'água, e mesmo deuses de longa vida em honra supremos. Pois estes são eles mesmos, e correndo uns pelos outros tornam-se de outra espécie; tanto por mistura se permutam. 16. IDEM: Articulados são estes, todos eles com suas partes, radiante de sol e terra, e também céu e mar, quantas deles em mortais (coisas) desgarradas existem. E assim mesmo quantas em mistura melhor se correspondem, umas às outras se amam, semelhadas por Afrodite. Hostis o mais das vezes umas das outras mais se distanciavam em origem, mistura e forma impressas em cada, de todo em conviver insólitas e muito lúgubres por conselhos de Ódio, que lhes forjou a geração. 17. IDEM: Como quando pintores quadros votivos pintam coloridos, homens em arte bem entendidos por seu talento, os quais quando tomam em mãos pigmentos multicores, em harmonia tendo misturado uns mais e outros menos, deles formas a todas (as coisas) semelhantes produzem, árvores estatuindo e também homens e mulheres, e feras e pássaros e peixes que se criam n'água, e mesmo deuses de longa vida e em honra supremos; assim não te vença engano (com) o senso de que outra é de mortais (coisas) a fonte, quantas infinitas se mostraram, mas claramente sabe isto, de um deus (o) mito tendo ouvido. 18. SIMPLÍCIO: Em turnos prevalecem no circuito do ciclo, perecem uns nos outros e crescem em seu turno fixado. Pois estes são eles mesmos e correndo uns pelos outros tornam-se homens e espécies de outros animais, ora por Amizade convergidos em uma só ordem, ora de novo à parte movidos cada um por ódio de Neikos, até que em um crescidos, o todo, submissos se tornem. Assim, por onde um de muitos aprenderam a formar-se e de novo partido o um muitos se constituem, por aí é que nascem e não lhes é estável a vida; mas por onde mudando continuamente jamais cessam, por aí é que sempre são, imóveis segundo o ciclo. 19. PLUTARCO: Ali nem de sol são distinguidos ágeis membros, nem tampouco de terra força hirsuta, nem mar; de tal modo em cerrado invólucro de Harmonia está fixado Esfero torneado, alegre em sua solidão circular. 20. SIMPLÍCIO: Mas eu, de volta me lançando, virei à trilha de hinos que antes percorri, de um discurso derivando aquele: quando Neikos chegou ao mais fundo abismo do vórtice, e que em pleno torvelinho Amizade fica, nela todas estas (coisas) convergem a ser um só, não de vez, mas queridas compondo-se uma de cada canto. E elas se misturando fundiam-se mil raças de mortais; muitas porém sem mescla ficavam por entre as misturadas, quantas ainda Ódio retinha suspenso; pois não perfeitamente delas se retirara todo a extremos limites de ciclo, mas em parte ficava dentro, em parte dos membros saíra. Mas quanto ele sempre se excluísse, tanto sempre afluía clemente de Amizade impecável imortal corrente; logo mortais nasciam os que sabiam ser imortais; e temperados os antes puros, permutando caminhos. E eles se misturando fundiam-se mil raças de mortais, em variadas formas combinados, prodígio de se ver. 21. CLEMENTE DE ALEXANDRIA: Pois bem, eu te direi primeiro os iguais em princípio, dos quais nasceram claras as (coisas) que agora vemos todas, terra e também mar de muitas ondas, e úmido ar, e Titã éter que envolve em círculo todas as coisas. 22. ARISTÓTELES: Se infinitos (fossem) profundezas de terra e abundante éter como, por língua de muitos vindo inutilmente, se espalhou de bocas (dos) que pouco viram do todo... 23. SIMPLÍCIO: Agora vem, e como de homens e mulheres de muitos prantos noturnos rebentos trouxe à luz separando-se o fogo, destes ouve; pois não é mito sem alvo e sem ciência. Inteiriços primeiro (os) tipos de terra surgiam, de ambos, de água e de forma brilhante, tendo parte; estes fogo faziam subir querendo ao semelhante chegar, nem ainda de membros amável forma mostrando (eles), nem voz nem, (tal) qual, o membro próprio dos homens. 24. GALENO: Pois no mais quente é gerador de macho o ventre; e por isso são negros e de membros mais fortes os homens, e mais peludos... 25. SIMPLÍCIO: Mas se sobre estas (coisas) era falha tua certeza, como é que de água, de terra, de éter e de sol misturados nasceram formas e cores de mortais (coisas), tantas quantas agora existem conjugadas por Afrodite... 26. ARISTÓTELES: Como quando um pensando em sair apronta uma lanterna, por tormentosa noite flama de fogo brilhante, dispondo contra os ventos todos transparentes placas, e estas o sopro dos ventos impelidos dispersam, mas a luz atravessando fora, quanto mais sutil é, rebrilha na soleira com infatigáveis raios; assim então em membranas retido primitivo fogo em finos tecidos emboscava-se, menina em redoma, e por passagens eram perfurados, maravilhosas. 27. TEOFRASTO: E assim todos inalam e exalam: em todos há, sem sangue, canais de carne à superfície do corpo estendidos, e sobre os bocais destes com muitos poros está perfurada a extrema superfície da pele, de modo que o sangue contém-se, mas ao éter fácil passagem através se abre. Daí então quando sai precipitado o fino sangue, o éter borbulhante precipita-se em onda impetuosa, mas quando remonta, de novo exala-se ar, como uma criança com clepsidra brincando, de reluzente bronze: quando, o bocal do gargalo sobre a mão bonita pondo, no mole corpo ela mergulha da água prateada, nenhum líquido no vaso penetra, mas o impede a massa de ar, de dentro caindo sobre os muitos orifícios, até que ela destampa o fluxo comprimido; e em seguida, desde que o ar cedeu, penetra em parte igual a água. Assim também quando água ocupa o bojo do vaso de bronze, e é fechado o bocal por mão humana, e então a passagem, o éter de fora, dentro querendo passar, retém o líquido nas portas do gargalo estridente forçando os extremos, até que ela deixa com a mão, e aí de novo, ao contrário de antes, enquanto ar invade retira-se em parte igual a água. Assim também o fino sangue agitando-se pelos ombros, quando refluindo sai precipitado para dentro, logo uma corrente de éter introduz-se em onda se lançando, mas quando remonta, de novo exala-se ar igual ao de antes. 28. PORFÍRIO: Nutrido em mares de sangue que contra se precipita, e por onde mais se chama pensamento para os homens; pois sangue em volta do coração dos homens é pensamento. 29. HIPÓLITO: Pois se, sob entranhas cerradas tendo-as firmado, bem disposto as contemplares com puros cuidados, estas (coisas) serão todas para ti pela vida presentes, e outras muitas a partir delas terás; pois de si mesmas crescem estas, cada uma ao (seu) modo, por onde é natureza de cada. Mas se a (coisas) alheias aspirares, quais entre os homens aos milhares se encontram, misérias que embotam seus cuidados, bem logo elas te deixarão revolvendo-se o tempo, à sua própria amiga origem desejando voltar; pois todas, sabe, têm consciência e de pensamento partilham. 30. DIÓGENES LAÉRCIO: E quantas drogas existem, defesa contra males e velhice, aprenderás, pois só para ti cumprirei tudo isto. Cessarás de infatigáveis ventos a força, os quais sobre a terra irrompendo em lutadas aniquilam os campos; e de novo, se quiseres, de volta os sopros retrarás; tu farás de uma chuva sombria uma oportuna seca para os homens, mas também farás de uma seca de verão aguaceiros que alimentam árvores, e do éter fluem, e de volta trarás do Hades a força de um homem morto. 31. DIÓGENES LAÉRCIO: Amigos, que a grande cidade na borda do louro Acragas habitais, na parte alta, em boas obras ocupados, abrigos veneráveis, a estrangeiros ignorantes, de maldade alegrai-vos; eu para vós um deus imortal, não mais mortal caminho entre todos cumulado de honras, como é minha imagem, de fitas coroado e de guirlandas floridas. Quando com estas venho às cidades florescentes, por homens e mulheres sou venerado; e eles me seguem, milhares a se informar por onde é o caminho ao lucro, alguns carecendo de oráculos, e outros com doenças de toda espécie consultam para ouvir palavra de cura, longamente traspassados de pesadas dores. 32. CLEMENTE DE ALEXANDRIA: Amigos, eu bem sei que a verdade é presente em palavras que vou proferir; mas muito trabalhosa ela é construída para os homens e difícil contra o peito o impulso da fé. 33. HIPÓLITO: É de Necessidade oráculo, de deuses antigo decreto, eterno, bem selado com amplos juramentos: quando um, por loucura, com sangue amigos membros manchou, e por ódio o que um falso juramento tenha feito, demônios que tiveram de partilha uma longa vida, dez mil estações eles longe dos abençoados erram, nascendo pelo tempo em toda espécie de formas de mortais, que penosos caminhos de vida permutam entre si. Pois força de éter os persegue em direção de mar e mar em solo de terra os vomitou, e terra em raios de sol luminoso, e este os atirou em turbilhões de éter; outro de outro os recebe, e os odeiam todos. Destes também eu agora sou, dos deuses banido, errante, em furioso ódio tendo confiado. 34. DIÓGENES LAÉRCIO: Já com efeito eu outrora fui menino, menina, arbusto, passarinho e, do mar saltando, mudo peixe. 35 CLEMENTE DE ALEXANDRIA: Ai, ai, mísera raça de mortais, desafortunada, de tais contendas e de tais gemidos nascestes! 36. PORFÍRIO: Nem para aqueles era algum deus Ares, nem Kydoimos, nem Zeus soberano, nem Cronos, nem Posidão, mas Cipris, rainha... Esta com piedosas oferendas propiciavam, com pinturas de animais e perfumes de rica fragrância, com oblações de mirra pura e de incenso perfumado, libações de mel dourado derramando sobre o solo; e com puro sangue de touros não se aspergia altar, mas isto era uma mácula, a maior entre homens, arrancar uma vida e devorar nobres membros. 37. PORFÍRIO: E vivia entre aqueles um homem de extremo saber, que o maior tesouro adquiriu de entranhados pensamentos, em toda espécie de obras sábias altamente capaz; pois sempre que se retesava em todas as entranhas, fácil ele de todos os seres se punha a ver cada um, não apenas em dez, mas em vinte tempos de vida humana. 38. HIPÓLITO: Pois se por um dos seres efêmeros, imortal Musa, nosso empenho te empenhaste em que por senso fosse, ao que agora suplica de novo assiste, Calíope, que sobre deuses venturosos bom discurso à luz expõe. 39. CLEMENTE DE ALEXANDRIA: Feliz o que de entranhas divinas adquiriu tesouro, e mísero o que sobre deuses obscura opinião mantém. 40. IDEM: Não é (possível) acercar-se (o divino) nos olhos chegado, nem com nossas mãos pegá-lo, por onde justo a mais larga via de persuasão para os homens cai no peito. 41. AMÔNIO: Pois nem com humana cabeça ligada em membros avulta, nem a partir de um dorso dois ramos irrompem, nem pés, nem ágeis joelhos, nem vergonhas peludas, mas peito sagrado e inefável ele se volve só, em pensamentos pelo mundo todo lançando-se, ágeis. 42. ARISTÓTELES: Mas o que é lei de todos por éter que vasto domina continuamente estende-se e por imensurável luz,... 43. SEXTO EMPÍRICO: Não ireis parar com matança de sinistros ecos? Não vedes que uns aos outros vos devorais em desmazelos de mente? 44. IDEM: De forma mudado o próprio filho o pai, erguendo-o, degola fazendo uma prece, grande tolo; e se perturbam o suplicante sacrificando; e surdo aos próprios clamores, feita a degola, prepara em casa infame festim. E assim mesmo o filho agarra o pai e as crianças a mãe, e a vida lhes arrancando, as próprias carnes devoram.